Os pacientes idosos devem se resignar ao clopidogrel? O primeiro grande estudo com prasugrel mostrou um inaceitável aumento do sangramento na população idosa, sugerindo utilizar 5 mg (embora com uma população pequena na qual era difícil conhecer a eficácia de dita dose).
Depois chegou o ticagrelor com evidência de maior eficácia vs. o clopidogrel sem aparentes custos de segurança. No entanto, a evidência específica na população idosa cursando um infarto sempre foi limitada.
Este trabalho publicado no Circulation nos traz 14.005 pacientes de mais de 80 anos incluídos no registro SWEDEHEART que receberam alta com aspirina mais clopidogrel (60,2%) ou ticagrelor (39,8%) após um infarto agudo do miocárdio.
O desfecho primário de eficácia foi uma combinação de morte, infarto ou AVC e o de segurança foi o sangramento, todos em um ano de seguimento.
A incidência do desfecho primário combinado de eventos isquêmicos foi praticamente idêntica entre o ticagrelor e o clopidogrel (HR 0,97, IC 95% 0,88 a 1,06).
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Ao analisar cada desfecho, o ticagrelor se associou a 17% de excesso de mortes e 48% de aumento nos sangramentos. Por outro lado, diminuiu 20% o risco de infarto e quase 30% o risco de AVC. A soma destes diferentes riscos faz com que o desfecho combinado fica praticamente empatado entre ticagrelor e clopidogrel.
Uma análise de sensibilidade na população com menos de 80 anos mostrou resultados diferentes dos anteriores. Para os pacientes mais “jovens” o ticagrelor diminuiu a mortalidade, os infartos e os AVCs sem aumentar tão desmesuradamente os sangramentos.
Conclusão
Os pacientes idosos que cursam um infarto agudo do miocárdio e recebem alta com ticagrelor apresentam um maior risco de morte e sangramento em comparação com os aqueles que recebem alta com clopidogrel. É necessário realizar um estudo randomizado nesta população específica.
Título original: Comparison Between Ticagrelor and Clopidogrel in Elderly Patients with an Acute Coronary Syndrome: Insights from the SWEDEHEART Registry.
Referencia: Karolina Szummer et al. Circulation. 2020 Nov 3;142(18):1700-1708. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.120.050645.
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