Em pacientes que não estejam severamente comprometidos pela COVID-19, uma estratégia de doses terapêuticas de anticoagulação com heparina incrementa a probabilidade de sobreviver à alta hospitalar e reduz a necessidade de suporte respiratório e cardiovascular em comparação com doses usuais de tromboprofilaxia.
Estes dados eram esperados por toda a comunidade médica que há vários meses não recebe boas notícias em termos de uma estratégia efetiva quando a infecção já se produziu.
Este trabalho teve um desenho ao qual não estamos acostumados, já que era imperioso que o estudo se adaptasse à dinâmica do vírus.
Tratou-se assim de um estudo aberto, multiplataforma, controlado e randomizado em pacientes com COVID-19 não críticos (definidos como a ausência de suporte crítico de algum órgão no momento da randomização). Os pacientes incluídos foram randomizados a receber doses pragmáticas de anticoagulação com heparina vs. doses profiláticas.
O desfecho primário foi a liberdade de suporte de órgão vitais combinado com morte hospitalar. Este desfecho foi analisando utilizando um modelo estatístico Bayesiano, de acordo com o nível basal de dímero D.
O estudo foi detido quando o critério preestabelecido para superioridade da dose anticoagulante foi atingido.
Entre os 2219 pacientes que finalmente foram incluídos na análise, observou-se que a probabilidade de que o esquema anticoagulante aumentasse as chances de não requerer suporte vital vs. a profilaxia padrão foi de 98,6% (OR ajustado, 1,27; IC 95%: 1,03 a 1,58). A diferença absoluta a favor da anticoagulação foi de 4%.
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A vantagem foi ainda maior na coorte de pacientes com níveis de dímero D mais elevados.
Os sangramentos maiores foram de 1,9% nos pacientes com doses terapêuticas vs. 0,9% nos pacientes com doses profiláticas.
Conclusão
Um esquema anticoagulante com heparina em pacientes NÃO críticos cursando COVID-19 é superior ao esquema profilático em termos de sobrevida e suporte vital respiratório e cardiovascular.
nejmoa2105911Título original: Therapeutic Anticoagulation with Heparin in Noncritically Ill Patients with Covid-19. The ATTACC, ACTIV-4a, and REMAP-CAP Investigators.
Referência: Patrick R Lawler et al. N Engl J Med . 2021 Aug 4. Online ahead of print. doi: 10.1056/NEJMoa2105911.
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