Mortalidade a longo prazo em lesões não obstrutivas em tronco da coronária esquerda

A intervenção no tronco da coronária esquerda (TCE) com lesão significativa tanto na coronariografia quanto na ecografia intravascular (IVUS), seja através de angioplastia (ATP) ou da cirurgia de revascularização miocárdica (CRM), está diretamente relacionada com uma diminuição de eventos clínicos adversos a longo prazo. No entanto, a relação da doença subclínica de TCE (diâmetros de lúmen preservados) com a mortalidade a longo prazo é ainda desconhecida. 

Mortalidad a largo plazo en lesiones no obstructivas en tronco coronario izquierdo

Foi feito um estudo observacional retrospectivo de pacientes consecutivos no hospital universitário de Colúmbia, que foram submetidos a IVUS (principalmente anginas estáveis ou assintomáticas). Foram excluídos os pacientes com transplante cardíaco, ATP de TCE prévia ou CRM, bem como a presença de um TCE muito curto de difícil avaliação. As medidas obtidas por meio do IVUS consistiram em diâmetros mínimos do lúmen (DML), carga máxima da placa (CMP), cálcio e atenuação de placa. O desfecho primário (DP) avaliado foi a mortalidade por todas as causas e o desfecho secundário (DP) foi a morte cardíaca. 

Dos 7786 pacientes submetidos a IVUS no período de 2005 a 2013, 3239 não se encontravam no plano de revascularização (critério de inclusão), motivo pelo qual foram incluídos nesta análise. O seguimento médio foi de 8,2 anos, a idade média foi de 66 ± 12 anos, 65% do sexo masculino, 84% com hipertensão arterial, 92,6% com dislipidemia e 37% com diabete. 

Em termos angiográficos o TCE tinha um comprimento médio de 10,1 ± 4,6 mm, o diâmetro de referência foi de 4,3 ± 0,9 mm com um diâmetro luminal mínimo de 3,8 ± 0,9 mm e uma estenose média de 12,5% ± 10,8%. A mensuração do DML por IVUS foi de 13,1 ± 5,0 mm e a carga máxima de placa foi de 41,7% ± 15,6%. 

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A carga maior de placa por IVUS se associou a maior mortalidade por todas as causas (HR não ajustado por 10%: 1,17, IC 95% 1,12-1.22; p = < 0,0001); DML menores por IVUS também se associaram de maneira significativa ao mesmo desfecho (HR não ajustado por 1mm2: 0,98, IC 95% 0,96-0,99; p = 0,0008). Por sua vez a alteração em ambas as mensurações (menor diâmetro luminal mínimo e maior carga de placa) se associaram ao desfecho secundário de morte cardíaca. Devido à dificuldade em estabelecer pontos de corte, fez-se uma análise interpolada (spline) na qual se observou que a carga de placa aumentada e um DML < 15mm2 se associou a maior mortalidade. 

Ao fazer a análise multivariada a presença de carga de placa se associou a maior mortalidade, o que não ocorreu com o DML do IVUS e com a mensuração através de QCA. Por sua vez, ao analisar a região comprometida do TCE com doença subclínica, não houve diferenças entre a presença de doença ostial de tronco vs. zona de bifurcação. 

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Esses achados sobre a mortalidade e a carga de placa foram observados também naqueles pacientes que não apresentavam doença associada de descendente anterior nem de circunflexa (n = 263). 

CONCLUSÕES

Neste estudo contemporâneo observacional sobre TCE em pacientes sem revascularização planificada evidenciou-se que a presença de carga de placa objetivada por IVUS se associou de maneira significativa e independente com mortalidade por todas as causas. Cada aumento de 10% na carga de placa se associou a 12% de aumento de risco em mortalidade tardia (12 anos).  Os dados aqui encontrados deveriam conscientizar os clínicos sobre a importância do controle dos fatores de risco desses pacientes para evitar a progressão da doença. Independentemente do fato de lesões menores não apresentarem consequências hemodinâmicas, neste estudo foi observada maior mortalidade. 

Dr. Omar Tupayachi

Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Impact of Non-obstructive Left Main Coronary Artery Atherosclerosis on Long-Term Mortality.

Referência: Noguchi, Masahiko et al. “Impact of Nonobstructive Left Main Coronary Artery Atherosclerosis on Long-Term Mortality.” JACC. Cardiovascular interventions vol. 15,21 (2022): 2206-2217. doi:10.1016/j.jcin.2022.08.024.


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