O Valve-in-Valve apresenta uma boa evolução em dois anos

A degeneração das biopróteses em posição aórtica ocorre em aproximadamente 10 a 15 anos. Nesse contexto, o tratamento de escolha era a reoperação, mas com o desenvolvimento do TAVI a estratégia do implante de biopróteses passou a ser uma alternativa válida com um nível de evidência IIa B. 

Valve-in-Valve

Embora na atualidade haja múltiplas análise do Valve-in-Valve (V-in-V), uma de suas limitações é que na maioria delas o seguimento é de somente um ano, o que não nos dá um panorama mais concreto de sua evolução a médio e longo prazo. 

Foi levada a cabo uma análise de 188 pacientes que foram submetidos a V-in-V entre 2013 e 2019 na Cleveland Clinic

O desfecho primário (DP) foi definido como mortalidade por qualquer causa e internação por insuficiência cardíaca. 

A idade média foi de 76 anos, 65% dos pacientes eram homens, 28% tinham diabete, 20% IAM, 29% ATC, 43% CRM, 54% filtração atrial e 15% marca-passo definitivo. 

O STS Score foi de 7,2%.

A fração de ejeção foi de 52%, o gradiente médio foi de 37 mmHg. Antes da substituição, 32% eram valvas aórticas bicúspides. 

Leia também: FFR pós-angioplastia coronariana.

95% dos procedimentos foram realizados por acesso femoral e 81% sob sedação consciente. 

A válvula balão-expansível foi a mais utilizada (82%). 

Em 30 dias a mortalidade foi de 1,6% e a internação por insuficiência cardíaca foi de 4,2%. 

O DP em dois anos foi de 22.9%, a mortalidade por qualquer causa foi de 8% e a internação por insuficiência cardíaca foi de 14,9%. A ocorrência de AVC e endocardite foi de 3,7% e 2,7%, respectivamente. 

Leia também: Insuficiência mitral significativa associada a choque cardiogênico: será que o tratamento borda a borda é uma estratégia válida?

Não houve diferença em termos de mortalidade por qualquer causa e internação por insuficiência cardíaca entre os que apresentaram um diâmetro do anel interno > ou < que 21 mm. Tampouco de acordo com o risco que apresentaram segundo a análise do Heart Team ou se a válvula era autoexpansível ou balão-expansível. 

Conclusão

O V-in-V se associou a uma boa evolução clínica e hemodinâmica em dois anos. Mais estudos são necessários para compreender melhor o papel do V-in-V como tratamento.   

Dr. Carlos Fava - Consejo Editorial SOLACI

Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Two‐year outcomes after transcatheter aortic valve‐in‐valve implantation in degenerated surgical valves.

Referência: Abdelrahman I. Abushouk, et al. Catheter Cardiovasc Interv. 2022;100:860–867.


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