Evolução a longo prazo da estratégia de revascularização coronariana híbrida

Atualmente a cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) e a angioplastia (ATC) são as estratégias disponíveis para tratar a doença coronariana de múltiplos vasos. Há algum tempo, no entanto, vem sendo desenvolvida uma estratégia alternativa que é a revascularização miocárdica híbrida (HCR), na qual se realiza um bypass com a artéria mamária na descendente anterior e o resto das lesões são tratadas com ATC. 

Evolución a largo plazo de la estrategia de revascularización coronaria híbrida

Com foco em dita estratégia foram levados a cabo diferentes análises e alguns estudos randomizados, todos eles pequenos e com seguimento de menos de 5 anos. 

Em uma das análises, recrutou-se pacientes desde 2007 até 2018. Em total, foram registradas 70.205 revascularizações coronarianas, dentre as quais 585 corresponderam a pacientes que foram submetidos a HCR de forma simultânea (0,83%), 15.118 foram submetidos a CRM sem bomba de circulação extracorpórea (OP CAB) (21,53%) e 54.502 foram submetidos a ATC (77,63%).

Devido ao fato de as populações terem apresentado diferenças, foi feito um propensity score matching, ficando 540 pacientes em cada grupo. 

A idade média foi de 61 anos e 80% da população esteve composta por homens. 60% tinha hipertensão, 30% apresentava diabetes, 5% DPOC, 0,4% deterioração da função renal, 12% doença vascular periférica, 1,7% fibrilação atrial, 14% AVC, 23% infarto e 5,2% ATC prévia. 

A fração de ejeção estava conservada. 38% da população apresentava lesão de TCE, 62% lesão de 3 vasos e 26% lesão de 2 vasos. 

Leia também: Angioplastia no tronco da coronária esquerda com o uso de stents eluidores de zotarolimus de última geração.

O SYNTAX Score foi de 28 e o EuroSCORE de 1,2%.

Os stents utilizados foram DES de diferentes gerações, tendo sido implantados inclusive stents sem eluição de fármacos. 

O número de vasos revascularizados com HCR foi menor que com OP CAB (2,1 ± 0,4 vs. 2,5 ± 0,7; p < 0,001) mas maior que com ATC (2,1 ± 0,4 vs. 1,4 ± 0,6; p < 0,001).

O SYNTAX residual foi maior com HCR que com OP CAB (11,1 ± 6,1 vs. 6,9 ± 7,2; p < 0,001), mas menor que com ATC (11,1 ± 6,1 vs. 13,1 ± 7,9; p < 0,001).

Leia também: Revascularização coronariana híbrida: é uma opção na atualidade?

O MACCE acumulado em 10 anos em HCR foi similar ao de OP CAB (28,7% vs. 23,9%; p = 0,15), mas significativamente menor que ao de ATC (28,7% vs. 45,3%; p < 0,001). A qualidade de vida foi superior nos pacientes submetidos a HCR e OP CAB em comparação com os submetidos a ATC. 

No seguimento, a mortalidade cardíaca, a mortalidade por qualquer causa, o infarto e o AVC foram similares na comparação entre os 3 grupos. 

As internações e reintervenções foram maiores nos pacientes submetidos a HCR em comparação com o grupo OP CAB, mas menor que no grupo ATC. 

O MACCE nos pacientes que apresentaram EuroSCORE baixo ou intermediário foi similar entre os grupos HCR e OP CAB mas menor que em ATC. Nos pacientes com EuroSCORE alto, o MACCE dos pacientes submetidos à estratégia foi menor que nos pacientes submetidos às outras duas estratégias. 

Leia também: Intervenções em arterite de Takayasu: terapia de resgate ou uma alternativa complementar à imunossupressão?

Nos que apresentaram SYNTAX Score não houve diferença em termos de MACCE, mas no segmento intermediário e alto a estratégia híbrida foi similar a OP CAB e significativamente menor que no grupo ATC. 

Conclusão

Em comparação com as estratégias convencionais, a HCR mostrou uma evolução satisfatória no seguimento de longo prazo em termos de MACCE e de qualidade de vida na doença coronariana de múltiplos vasos. 

Dr. Carlos Fava - Consejo Editorial SOLACI

Dr. Carlos Fava.
Membro do conselho editorial da SOLACI.org.

Título Original: Simultaneous Hybrid Coronary Revascularization vs Conventional Strategies for Multivessel Coronary Artery Disease A 10-Year Follow-Up.

Referência: Tong Ding, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2023;16:50–60. 


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