Score para predizer o risco de nova angioplastia em reestenose intrastent com DES.
Com o uso dos stents eluidores de fármacos (DES) houve uma diminuição significativa da reestenose intrastent (RIS) em comparação com os stents convencionais (BMS).
A principal causa de falha pós-colocação de um DES é a RIS. Esta constitui uma entidade de difícil manejo, sobretudo devido aos riscos de recorrência e reintervenção. Embora previamente tenha sido desenvolvida uma classificação sobre a morfologia das reestenoses (também com fins prognósticos), dita classificação foi construída a partir das RIS dos BMS, motivo pelo qual sua vigência na era dos DES pode ser questionável.
Neste estudo, realizado pela equipe de J.J. Coughlan, foi elaborado e validado um modelo para predizer a nova necessidade de angioplastia coronariana (PCI) em uma RIS-DES, com um seguimento de um ano.
Foram incluídos pacientes consecutivos desde dezembro de 2005 até dezembro de 2013 em dois centros da Alemanha. A partir da conhecida classificação de Mehran, as RIS foram classificadas em quatro tipos: tipo I, focal; tipo II, difusa, intrastent; tipo III, difusa, intrastent e com comprometimento da borda do stent e, finalmente, tipo IV, oclusiva.
O desfecho primário (DP) foi a presença de nova PCI em RIS-DES recorrente. Outros desfechos estudados foram a mortalidade por todas as causas, o infarto agudo do miocárdio, a trombose do stent e a cirurgia de revascularização miocárdica pós-RIS.
Leia também: Oclusão do acesso percutâneo em TAVI: os dispositivos são similares?
De maneira retrospectiva, foram randomizados 3:1 os pacientes em uma coorte de teste e uma coorte de validação. Foram obtidos dados de 1986 pacientes tratados com PCI para RIS-DES, 1471 na coorte de teste e 515 na coorte de validação. O seguimento médio foi de 7,4 anos. A idade média dos pacientes foi de 69,8 anos, 20% eram do sexo feminino, 39% eram diabéticos, 25,5% tinham síndrome coronariana aguda (SCA) e foi observado um intervalo de tempo para uma nova PCI de 247 dias. Em 65% dos casos o padrão de RIS foi focal e a localização mais frequente foi a descendente anterior (36,4%), seguida da coronária direita (30,3%) e da circunflexa (29,3%).
Observou-se uma incidência acumulada de nova revascularização com PCI para RIS-DES de 17,7% ao ano. Ao realizar a regressão logística, foram identificados quatro fatores independentes de nova PCI: padrão de RIS não focal, um intervalo de tempo para a reestenose superior a seis meses, a localização da RIS na artéria circunflexa e a presença de calcificação moderada/severa no vaso alvo.
A partir das variáveis acima enumeradas foi desenvolvido o ISAR-SCORE (C-estatístico modesto com HR 0,60, IC 95%: 0,57-0,63). Designou-se um ponto para a presença de qualquer dos fatores recentemente nomeados, com um escore que compreendia do o valor 0 até os 4 pontos. A incidência de RIS em um ano com um escore de 0 foi de 12,1%, com escore de 1 foi de 15,9%, com escore de 2 foi de 24,2% e ≥ 3 de 30,5%. Comparados com o escore 0 a incidência do DP aumentou da seguinte maneira: escore 1 (HR 1,37, IC 95%: 1,04-1,79), 2 (HR 2,27, IC: 95% 1,69-3,07) e ≥ 3 (HR 3,11, IC 95%: 2,15-4,81).
O ISAR-Score se correlacionou tanto para SCA (p de tendência < 0,001) como para síndromes coronarianas agudas (p de tendência < 0,001).
Conclusões
Neste estudo foi analisada uma das principais coortes para predizer uma nova PCI nas RIS-DES. Por meio de 4 fatores foi possível realizar o ISAR-Score, que, embora tenha um poder discriminativo modesto, permitiria definir os pacientes nos quais se pode supor uma resposta agressiva sobre o vaso tratado em forma de reestenose. Fica ainda por ser feita uma validação externa para avaliar a factibilidade de uso na prática diária.
Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Derivation and validation of the ISAR score to predict the risk of repeat percutaneous coronary intervention for recurrent drug-eluting stent restenosis.
Referência: Coughlan, J J et al. “Derivation and validation of the ISAR score to predict the risk of repeat percutaneous coronary intervention for recurrent drug-eluting stent restenosis.” EuroIntervention : journal of EuroPCR in collaboration with the Working Group on Interventional Cardiology of the European Society of Cardiology vol. 18,16 e1328-e1338. 3 Apr. 2023, doi:10.4244/EIJ-D-22-00860.
Subscreva-se a nossa newsletter semanal
Receba resumos com os últimos artigos científicos