Associação entre estresse radial do vaso (RWS) e risco de infarto agudo do miocárdio

Apesar dos grandes avanços em prevenção secundária e nas estratégias de reperfusão, o infarto agudo do miocárdio (IAM) continua resultando em morbidade e mortalidade. Uma porção significativa dos eventos agudos surgem de lesões leves a moderadas identificadas meses ou anos antes do evento índice. A discriminação precoce das lesões com maior risco de progressão e ruptura pode permitir um tratamento mais específico, detendo assim o processo patológico. No entanto, a aplicação rotineira de imagens para avaliar lesões leves a moderadas na prática diária não é rentável. 

Asociación entre estrés radial del vaso (RWS) y riesgo de infarto agudo de miocardio

Os autores propuseram uma análise do estresse radial da parede (RWS) derivada da angiografia através da variação do diâmetro luminal dentro do ciclo cardíaco em uma visualização angiográfica. Um alto padrão de estresse identificado como RWS máximo > 12% foi correlacionado com a vulnerabilidade da placa derivada da tomografia por coerência ótica (OCT). Dito método permite avaliar o risco da lesão sem imagens adicionais. 

O objetivo deste estudo retrospectivo foi investigar a associação entre o RWS basal e posterior IAM relacionado com lesões leves a moderadas. 

Analisaram-se 1981 pacientes em um hospital da China entre janeiro de 2013 e dezembro de 2019, dentre os quais 44 se encontravam no grupo IAM e 1937 no grupo controle. 

Depois da realização de um escore de propensão, 44 pacientes do grupo IAM e 132 do grupo controle foram selecionados para a análise. A idade média foi de 64 anos e a maioria deles eram homens. A forma de progressão clínica mais frequente foi o IAMSEST (75%) seguido do IAMCEST (25%). 

Leia também: TAVI: o HALT influi no seguimento?

A artéria mais afetada foi a coronária direita (61,4%) seguida da descendente anterior (29,5%). O diâmetro médio das estenoses avaliadas foi de 34%. O RWS máximo basal foi significativamente maior nas lesões responsáveis por IAM comparando-se com aquelas que se mantiveram quiescentes (média de 13% vs. 10%; p < 0,001). O RWS máximo foi preditor de IAM relacionado com as lesões com uma área abaixo da curva de 0,83 (95% CI: 0,76-0,90; p < 0,001) e um valor de corte > 12. Finalmente, o RWS > 12% foi independentemente associado com um risco de IAM posterior de 7,25 (95% CI: 3,94-13,37; p < 0,001). 

Conclusão 

Um alto padrão de RWS detectado por angiografia permite identificar lesões leves a moderadas com risco aumentado a futuro de ocorrer um IAM. Esses achados indicam um potencial papel do RWS na ruptura de placa e a utilização dessa ferramenta permitiria melhor estratificação. São necessários mais estudos prospectivos com uma população mais ampla para confirmar os resultados aqui apresentados. 

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: The Association Between Angiographically Derived Radial Wall Strain and the Risk of Acute Myocardial Infarction.

Referência: Chenguang Li, MD et al J Am Coll Cardiol Intv 2023;16:1039–1049.


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