Revascularização vs. protelação de revascularização de lesões fisiologicamente significativas do tronco da coronária esquerda

A maioria dos estudos randomizados sobre a tomada de decisões na revascularização da doença coronariana estável excluem a doença do tronco da coronária esquerda (TCE), como foi o caso do ISCHEMIA. Por outro lado, os benefícios de avaliar funcionalmente as lesões, demonstrados em estudos como o FAME, ressaltam a importância dessa ferramenta para guiar as decisões sobre a revascularização. Entretando, ainda há pouca compreensão dos resultados clínicos em pacientes com doença coronariana estável e doença de TCE com isquemia demonstrada. 

Revascularización vs diferir lesiones fisiológicamente significativas del tronco de coronaria izquierda

O objetivo deste registro multicêntrico foi avaliar os resultados clínicos a longo prazo de lesões fisiologicamente significativas do TCE (iFR ≤ 0,89) segundo a estratégia de revascularização vs. tratamento médico. 

O desfecho primário (DP) foi a taxa de MACE, que incluiu uma combinação de morte, infarto agudo do miocárdio (IAM) não fatal e revascularização da lesão tratada no TCE guiada por isquemia. O desfecho secundário (DS) incluiu morte cardíaca, IAM relacionado com a doença do TCE e revascularização da lesão tratada no TCE guiada por isquemia. 

Foram incluídos na análise um total de 225 pacientes, dentre os quais 151 foram designados ao grupo de revascularização e 75 ao grupo de tratamento diferido. A idade média foi de 68 anos, sendo a maioria dos pacientes do sexo masculino. O escore de SYNTAX médio foi de 22 e o valor médio de iFR foi de 0,83. De acordo com a angiografia quantitativa, a porcentagem de estenose foi de aproximadamente 45%. Posteriormente, foi feito um escore de propensão para homogeneizar as amostras. A lesão mais frequente no TCE se encontrava em seu terço distal em aproximadamente 80% dos pacientes. O seguimento médio foi de 2,8 anos.

Leia também: Somente a EAO severa é importante?

No tocante ao DP, a taxa de MACE foi de 28,4% no grupo de tratamento diferido e de 14,9% no grupo de revascularização (HR: 0,42 [IC de 95%, 0,20–0,89]; p = 0,023). Em relação ao DS, a morte cardíaca e o IAM relacionado com a doença do TCE ocorreram significativamente em menor medida no grupo de revascularização (0,0% vs. 8,1%; p = 0,004). A taxa de revascularização da lesão tratada no TCE guiada por isquemia foi significativamente menor no grupo de revascularização (5,4% vs. 17,6%; HR: 0,20 [IC de 95%, 0,056–0,70]; p = 0,012).

Conclusão 

Em síntese, os pacientes com doença do TCE e lesões fisiologicamente significativas se beneficiam com a estratégia de revascularização em comparação com a estratégia conservadora, já que revascularizar se a associou a uma redução significativa do MACE a longo prazo, incluindo morte cardíaca, IAM relacionado com o TCE e revascularização da lesão tratada. 

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Deferred Versus Performed Revascularization for Left Main Coronary Disease With Hemodynamic Significance.

Referência: Takayuki Warisawa MD et al Circ Cardiovasc Interv. 2023;16:e012700.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

Tabagismo e seu impacto na doença cardiovascular 10 anos depois de uma angioplastia coronariana

O tabagismo é um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares ateroscleróticas. Alguns relatórios históricos sugeriram, no entanto, um menor...

Jejum vs. não jejum antes de procedimentos cardiovasculares percutâneos

Embora em 2017 as diretrizes da Sociedade Americana de Anestesiologistas tenham sido atualizadas para permitir a ingestão de líquidos claros até duas horas e...

Dissecção espontânea do tronco da coronária esquerda: características clínicas, manejo e resultados

Gentileza do Dr. Juan Manuel Pérez. A dissecção espontânea do tronco da coronária esquerda (TCE) é uma causa infrequente de infarto agudo do miocárdio (IAM),...

Pré-tratamento com DAPT em síndromes coronarianas agudas: continua sendo um debate não resolvido?

Na síndrome coronariana aguda (SCA), a terapia antiplaquetária dual (DAPT) representa um pilar fundamental após a intervenção mediante angioplastia coronariana percutânea (PCI), ao prevenir...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Veja as melhores imagens das Jornadas Uruguai 2025

Aproveite os melhores momentos das Jornadas Uruguai 2025, realizadas no Hotel Radisson de Montevidéu (Uruguai) nos dias 7, 8 e 9 de maio de...

Tratamento percutâneo da insuficiência mitral funcional atrial

A insuficiência mitral (IM) por dilatação atrial funcional (AFMR) é uma afecção que representa aproximadamente um terço dos casos de insuficiência mitral, associando-se com...

Tabagismo e seu impacto na doença cardiovascular 10 anos depois de uma angioplastia coronariana

O tabagismo é um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares ateroscleróticas. Alguns relatórios históricos sugeriram, no entanto, um menor...