Cirurgia de revascularização miocárdica: uma ponte de artéria mamária ou duas?

Cirurgia de revascularização miocárdicaO uso de ambas as artérias mamárias na cirurgia de revascularização miocárdica poderia melhorar o resultado de longo prazo comparando-se com o uso de uma só artéria mamária.

 

Foram randomizados pacientes que tinham indicação de cirurgia de revascularização miocárdica (somente múltiplos vasos; foram excluídos procedimentos valvares combinados) a receber somente uma ponte de artéria mamária (mamária à artéria descendente anterior e o resto dos vasos com pontes venosas ou artéria radial) vs. duas pontes confeccionadas com artéria mamária (resto dos vasos com pontes venosas ou artéria radial) em 28 centros cirúrgicos de 7 países.

 

O desfecho primário foi a morte por qualquer causa em 10 anos e o desfecho secundário foi uma combinação de morte por qualquer causa, infarto agudo do miocárdio ou AVC. Foi pré-especificada uma análise interina aos 5 anos, que é o presente resumo.

 

Foram incluídos um total de3 3.102 pacientes, dos quais 1.554 foram randomizados a receber somente uma ponte mamária e 1.548 a receber dupla ponte mamária.

 

Em 5 anos de seguimento, a taxa de morte foi de 8,7% para os que receberam dupla ponte mamária vs. 8,4% para os que receberam uma ponte mamária (HR 1,04; IC 95%, 0,81 a 1,32; p = 0,77). E a taxa do desfecho combinado de morte, infarto e AVC foi de 12,2% vs. 12,7%, respectivamente (HR 0,96; IC 95%, 0,79 a 1,17; p = 0,69).

 

Foram observadas diferenças significativas com relação ao risco de infecções esternais, que foram mais frequentes nos que receberam dupla ponte mamária (3,5% vs. 1,9%; p = 0,005) e à necessidade de reconstrução esternal (1,9% vs. 0,6%; p = 0,002).

 

Conclusão

Em pacientes que são submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica não foram observados benefícios em 5 anos com a utilização de dupla ponte mamária comparando-se com a utilização de somente a artéria mamária esquerda. A taxa de infecções esternais e a necessidade de reconstrução esternal foram significativamente mais frequentes nos pacientes com dupla ponte mamária. O seguimento de 10 anos está em andamento e à espera de algum benefício.

 

Título original: Randomized Trial of Bilateral versus Single Internal-Thoracic-Artery Grafts.

Referência: David P. Taggart et al. N Engl J Med. 2016 Nov 14. [Epub ahead of print].


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2 Comments

  1. Carlos Scapini said:

    O resultado para nos pacientes me parece preocupante. Penso se estou dentro dos 9% que irão morrer. Acho que poderiam estratificar melhor e aprofundar os f Sá tires predisponentes a mortalidade. Sou magro e cuidadoso, tenho a mesma chance estatística de morrer se comparado a um obeso e begligente

  2. JOSÉ CARLOS PEREIRA said:

    Meu pai fez uma mamária com 85 anos, hoje ele está com 98. Acredito que ele vai morrer de qualquer coisa, menos do coração…

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