O MitraClip é comparável com a cirurgia a 5 anos

Título original: Randomized Comparison of Percutaneous Repair and Surgery for Mitral Regurgitation. 5 – Years Results of EVEREST II
Referência: Ted Feldman et al. J Am Coll Cardiol 2015;66:2844-54

Gentileza do Dr. Carlos Fava

O MitraClip no Estudo EVEREST II a um ano mostrou ser similar à cirurgia na melhora da remodelação ventricular e na clínica, mas com maior presença de insuficiência mitral residual. Sua evolução a longo prazo ainda não havia sido avaliada.

Foram randomizados 279 pacientes, dos quais 184 receberam MitraClip e 95 foram submetidos a cirurgia. A coorte analisada foi de 154 (87%) com MitraClip e de 56 (70%) com cirurgia. As características destas populações estiveram bem balanceadas.

A 5 anos, o desfecho final combinado de liberdade de morte, cirurgia e insuficiência mitral grau 3+ ou 4+ foi de 44,2% vs. 64,3% (p = 0,01) a favor da cirurgia. Isto esteve guiado por maior presença de IM 3+ ou 4+ (12,3% vs. 1,8%; p = 0,02) e de necessidade de cirurgia (27,9% vs. 8,9%; p = 0,003). A necessidade de cirurgia após o MitraClip foi na maioria dos casos (78%) dentro dos primeiros 6 meses. Depois de dito período não houve diferença entre os grupos.

Não houve diferença em mortalidade a 5 anos (20,8% vs. 26,8%) nem mesmo na classe funcional. Na análise multivariada, a estratégia de tratamento endovascular com MitraClip vs. o tratamento cirúrgico não esteve relacionada com mortalidade.

Conclusão
Os pacientes que receberam reparação por via endovascular requereram mais cirurgia por insuficiência mitral residual durante o primeiro ano, mas após o primeiro ano e até os 5 anos de seguimento observou-se uma taxa reduzida de eventos, que foi comparável com a cirurgia.

Comentário editorial
Este estudo randomizado nos mostra a segurança e eficácia do MitraClip no seguimento a longo prazo, sem apresentar alterações ecocardiográficas a 5 anos e melhora de remodelação ventricular comparáveis com a cirurgia.  A desvantagem que apresenta é a maior presença de insuficiência mitral residual durante os primeiros 6 meses, que se relaciona com a necessidade de uma cirurgia. Transcorrido dito período apresenta o mesmo benefício com uma agressão menor ao paciente.

Gentileza do Dr. Carlos Fava
Cardiologista Intervencionista
Fundación Favaloro – Buenos Aires

Mais artigos deste autor

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

Fibrilação atrial após oclusão percutânea do forame oval patente: estudo de coorte com monitoramento cardíaco implantável contínuo

A fibrilação atrial (FA) é uma complicação bem conhecida após a oclusão do forame oval patente (FOP), com incidência relatada de até 30% durante...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...