Acesso radial todo-terreno: Mais seguro que o femoral

Título original: Radial vs. femoral access for coronary interventions across the entire spectrum of patients with coronary artery disease: a meta-analysis of randomized trials.

Referência: Ferrante G et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2016;Epub ahead of print.

 

acceso_radial_finalPara além do tipo de síndrome coronária que estiver sendo tratada, o acesso radial resulta em menor mortalidade e complicações quando comparado ao acesso femoral.

Alguns trabalhos (principalmente em pacientes crônicos e estáveis) tinham resultados contraditórios no que diz respeito às vantagens do acesso radial vs. o femoral, motivo pelo qual foi feita esta metanálise de 24 estudos que incluem mais de 22.843 pacientes com angioplastia no contexto de síndromes coronárias agudas:

  • Sem supradesnivelamento do segmento ST.
  • Com supradesnivelamento do segmento ST.
  • Em pacientes estáveis.

O acesso radial mostrou um menor risco de morte por qualquer causa (OR 0,71, IC 95% 0,58 a 0,87) e menor risco de eventos cardiovasculares combinados (OR 0,84; IC 95% 0,75 a 0,94) na população geral.

O acesso radial também se associou a menor sangramento maior (OR 0,53; IC 95% 0,42 a 0,65) e menor taxa de complicações vasculares maiores (OR 0,23; IC 95% 0,16 a 0,34).

Outro dado importante que surge deste trabalho é que a taxa de infarto e AVC foram similares para ambos os acessos vasculares.

Ao serem analisados os resultados de acordo com a apresentação clínica, o maior benefício de reduzir o sangramento maior é observado nos pacientes estáveis. Dentro do grupo de pacientes cursando uma síndrome coronária aguda, o maior benefício com o acesso radial ocorre no grupo com supradesnivelamento do segmento ST.

E, finalmente, os centros com alta experiência em acesso radial obtêm o maior benefício com o uso da técnica radial comparada com o uso do acesso femoral.

 

Conclusão

O acesso radial reduz a mortalidade, os eventos combinados e melhora a segurança graças à redução nos sangramentos e nas complicações vasculares quando é comparado com o acesso femoral.

 

Comentário editorial

O benefício do acesso radial parece ser um fato consumado. No entanto, um grande estudo randomizado seria útil para entender os mecanismos desta vantagem. A redução no sangramento parece ser a razão principal, embora talvez seja insuficiente para explicar de maneira cabal a redução na mortalidade, já que outros mecanismos que hoje não são tão óbvios poderiam estar em jogo.

 

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pregunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Doença de tronco da coronária esquerda: ATC guiada por imagens intravasculares vs. cirurgia de revascularização miocárdica

Múltiplos ensaios clínicos randomizados demonstraram resultados superiores da cirurgia de revascularização coronariana (CABG) em comparação com a intervenção coronariana percutânea (ATC) em pacientes com...

AHA 2025 | TUXEDO-2: manejo antiagregante pós-PCI em pacientes diabéticos multivaso — ticagrelor ou prasugrel?

A escolha do inibidor P2Y12 ótimo em pacientes diabéticos com doença multivaso submetidos a intervenção coronariana percutânea (PCI) se impõe como um desafio clínico...

AHA 2025 | DECAF: consumo de café vs. abstinência em pacientes com FA — recorrência ou mito?

A relação entre o consumo de café e as arritmias tem sido objeto de recomendações contraditórias. Existe uma crença estendida de que a cafeína...

AHA 2025 | Estudo OCEAN: anticoagulação vs. antiagregação após ablação bem-sucedida de fibrilação atrial

Após uma ablação bem-sucedida de fibrilação atrial (FA), a necessidade de manter a anticoagulação (ACO) a longo prazo continua sendo incerta, especialmente considerando que...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...