Angiossoma: É factível em isquemia crítica de membros inferiores?

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

Angiossoma isquemia crítica de membros inferiores

A isquemia crítica de membros inferiores (CLI) com perda de tecido se associa a um alto risco de amputação. Atualmente existe bastante evidência a favor da revascularização seguindo o conceito de angiossoma, sendo a angioplastia a técnica de escolha. Mas ainda não está claro qual é a factibilidade de seguir este conceito.

 

Foram analisados 161 membros inferiores em 160 pacientes com úlceras no nível do pé nos quais se realizou angioplastia infrapatelar (BTK). A média de idade foi de 75 anos com 67% de diabéticos. Todos estavam em um estágio 5 ou 6 de Rutherford.

 

A lesão estava relacionada a:

  • Somente um angiossoma em 39 pacientes (24%).
  • 2 angiossomas em 75 pacientes (46,6%).
  • 3 angiossomas em 42 pacientes (26,1%).
  • 4 angiossomas em 4 pacientes (2,5%).
  • 5 angiossomas em 1 pacientes (0,6%).

 

Conseguiu-se fluxo direto ao angiossoma afetado em 98 pacientes (60,9%). Realizou-se uma análise a partir da quantidade de angiossomas que estavam relacionados com a úlcera, por um lado, e a partir do sucesso da revascularização, por outro. Se estava relacionada a:

  • 1 angiossoma, o sucesso foi de 27 pacientes (69,2%).
  • 2 angiossomas, o sucesso foi de 65 pacientes (86,7%).
  • 3 angiossomas, o sucesso foi de 36 pacientes (85,7%).
  • 4 angiossomas, o sucesso foi de 1 paciente (25%).
  • 5 angiossomas, não houve possibilidade de revascularização.

 

Conclusão

Na maior parte dos casos, em isquemia crítica de membros inferiores, as lesões com perda de tecido afetam vários angiossomas. Na literatura publicada até o momento, existe evidência de revascularização guiada por angiossoma quando há compromisso clínico de mais de um angiossoma e é necessário consenso para alcançar uma definição exata.

 

Comentário editorial

A CLI é uma doença que se encontra em plena expansão e vem acompanhada de uma importante taxa de amputação.

A utilização do conceito de angiossoma demonstrou ser benéfico em inúmeras publicações e esta análise demonstra que é factível em um pouco mais da metade dos pacientes.

Devemos incorporar o conceito de revascularização por angiossomas na CLI, cientes de que acarreta maior tempo de procedimento, necessidade de novas estratégias e materiais para alcançar maior efetividade neste grupo.

 

Gentileza do Dr. Carlos Fava. Fundação Favaloro, Buenos Aires, Argentina.

 

Título original: The Feasibility of Angisome-Targeted Endovascular Treatment in Patients with Critical Limb Ischemia and Foot Ulcer.

Referência: Kristýna Spillerová et al. Ann Vasc Surg 2016;30:20-70-276.

 

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