Estenose aórtica severa assintomática em idosos: quando intervir?

Estenose aórtica severa assintomática em idosos: quando intervir?Este trabalho estuda a história natural da estenose aórtica e o tempo ótimo de intervenção nos pacientes idosos com estenose aórtica severa assintomática.

 

Essa doença está sendo cada vez mais diagnosticada na população idosa e isso ocorre concomitantemente com o incremento das possibilidades terapêuticas que podemos constatar na atualidade.

 

Os estudos prévios sobre a história natural da doença foram feitos em populações muito mais jovens (entre 60 e 70 anos) e foi com base nesses estudos que se desenvolveram as recomendações da prática clínica.

 

Tomar decisão de quando intervir nos pacientes idosos com base nas recomendações escritas para pacientes mais jovens poderia nos levar a cometer erros. Este é o primeiro trabalho que estudou a história natural da estenose aórtica em pacientes idosos.

 

Um total de 103 pacientes consecutivos > 70 anos (idade média 77 ± 5 anos) com estenose aórtica severa assintomática (velocidade pico sistólica 4,7 ± 0,6 m/s) foram seguidos prospectivamente.

 

Durante o seguimento ocorreram 91 eventos, incluindo a indicação para implante valvar em 82 pacientes e a morte cardíaca em nove pacientes. A sobrevida livre de eventos foi de:

  • 73% em um ano,
  • 43% em dois anos,
  • 23% em três anos,
  • 16% em quatro anos.

 

Quando começaram os sintomas, os mesmos foram severos (classe funcional ≥ 3) em 43% da população.

 

Os pacientes com uma velocidade pico sistólica ≥ 5 m/s apresentaram:

  • Uma sobrevida livre de eventos de 21% em dois anos,
  • Uma sobrevida livre de eventos de 4% em quatro anos.

 

Os pacientes com uma velocidade pico sistólica < 5 m/s (p < 0,001) apresentaram:

  • Uma sobrevida livre de eventos de 57% em dois anos,
  • Uma sobrevida livre de eventos de 23% em quatro anos.

 

Setenta e um pacientes da população receberam implante valvar aórtico e a sobrevida pós-operatória foi de 89% em um ano e de 77% em 3 anos após o procedimento.

 

Conclusão

Em pacientes idosos com estenose aórtica severa assintomática pode ser difícil detectar sintomas incipientes, mesmo com um seguimento intenso. Deve-se esperar uma alta taxa de eventos e o aparecimento de sintomas com morte cardíaca não é pouco frequente.

[plain]

 

Por tudo isso, o implante percutâneo da valva aórtica eletivo deveria ser considerado especialmente naqueles pacientes com mais de 5 m/s de velocidade pico e um risco periprocedimento relativamente baixo.

 [/plain]

 

Título original: Asymptomatic Severe Aortic Stenosis in the Elderly.

Referência: Robert Zilberszac et al. J Am Coll Cardiol Img 2017;10:43–50.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Gradientes pós-TAVI e as consequências de sua mensuração: são equiparáveis a medição invasiva e a ecográfica?

O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) é considerado o tratamento de escolha em uma porcentagem significativa de pacientes com estenose aórtica sintomática. Seus...

Implante valvar percutâneo da valva tricúspide. Lux-Valve

A insuficiência tricúspide (IT) é uma entidade que se associa a uma má qualidade de vida, frequentes hospitalizações por insuficiência cardíaca e um aumento...

TAVI em anel pequeno: que válvula devemos utilizar?

Um dos principais desafios na estenose aórtica severa são os pacientes que apresentam anéis valvares pequenos, definidos por uma área ≤ 430 mm². Esta...

ACC 2025 | BHF PROTECT-TAVI: são realmente necessários os sistemas de proteção cerebral no TAVI?

A realização do TAVI tem mostrado um aumento contínuo, embora uma das complicações associadas continue sendo o acidente vascular cerebral (AVC), majoritariamente isquêmico e,...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Pré-tratamento com DAPT em síndromes coronarianas agudas: continua sendo um debate não resolvido?

Na síndrome coronariana aguda (SCA), a terapia antiplaquetária dual (DAPT) representa um pilar fundamental após a intervenção mediante angioplastia coronariana percutânea (PCI), ao prevenir...

Gradientes pós-TAVI e as consequências de sua mensuração: são equiparáveis a medição invasiva e a ecográfica?

O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) é considerado o tratamento de escolha em uma porcentagem significativa de pacientes com estenose aórtica sintomática. Seus...

Outro revés para o balão de contrapulsação? Um estudo randomizado sobre seu uso em insuficiência cardíaca crônica que progride para choque cardiogênico

O choque cardiogênico (CC) continua sendo uma entidade de altíssima mortalidade (aproximadamente 50%). Embora a maioria das terapias em dito contexto tenham sido estudadas...