Os novos guias europeus sobre revascularização miocárdica foram elaborados com um esforço conjunto da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) e da Associação Europeia de Cirurgia Cardiovascular (EACTS). Estes guias têm o objetivo de dar suporte à prática clínica com recomendações pragmáticas baseadas na evidência disponível hoje em dia e com experiência pessoal na ausência de dita evidência.
Tanto a angioplastia coronariana quanto a cirurgia de revascularização miocárdica são altamente efetivas para aliviar os sintomas produzidos pela isquemia miocárdica e ambas são capazes de melhorar o prognóstico.
A brecha que fica entre as duas técnicas poderia se resumir ao fato de a angioplastia se associar a uma recuperação mais rápida e apresentar menos risco de eventos precoces (incluindo o AVC) e de a cirurgia melhorar a sobrevida e reduzir o risco de infarto e revascularização a longo prazo.
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A diferença em termos de eventos isquêmicos recorrentes que favorece a cirurgia depende basicamente da complexidade anatômica e da presença de diabete.
Estes guias foram pensados para facilitar nossa tarefa na hora de dar um conselho razoável de revascularização a nossos pacientes.
- É necessário haver evidência objetiva de isquemia miocárdica, com imagens não invasivas com estresse ou avaliação funcional invasiva das lesões para indicar revascularização, seja com angioplastia, seja com cirurgia.
- Com grandes montantes de isquemia induzível ou disfunção ventricular relevante a revascularização com angioplastia ou cirurgia deve ser indicada para melhorar a sobrevida a longo prazo.
- A revascularização também está indicada para aliviar os sintomas de isquemia miocárdica mesmo levando em conta o fato de a terapia médica ser otimizada.
- O prognóstico e o benefício sintomático da revascularização miocárdica dependem criticamente do quão completa está dita revascularização. A capacidade de alcançar a revascularização completa é crucial para escolher a modalidade de tratamento mais adequada.
- Para além do risco cirúrgico individual e da factibilidade técnica, a diabete e a complexidade anatômica são preditores de melhor sobrevida a longo prazo com cirurgia de revascularização miocárdica.
- O escore de SYNTAX é a ferramenta recomendada para avaliar a complexidade anatômica.
- Os casos complexos devem ser discutidos pela equipe completa (Heart Team) para individualizar o tratamento no contexto das preferências do paciente e assim poder dar ao mesmo o melhor conselho sobre seu prognóstico a curto e longo prazo.
- O acesso radial é o preferido para qualquer angioplastia independentemente da apresentação clínica, exceto que haja razões técnicas específicas que digam o contrário.
- Os stents farmacológicos estão recomendados para todas as angioplastias sem importar a apresentação clínica, tipo de lesão, o tempo antecipado de dupla antiagregação ou a necessidade concomitante de anticoagulação.
- A cirurgia de revascularização miocárdica deveria utilizar a maior quantidade possível de pontes arteriais, optando pela artéria radial em lesões críticas e pela dupla mamária naqueles pacientes que não tenham um risco maior de infecções esternais.
Título original: ‘Ten commandments’ for the 2018 ESC/EACTS Guidelines on Myocardial Revascularization.
Referência: Neumann FJ et al. Eur Heart J. 2019 Jan 7;40(2):79-80.
2019-01-22-ESC-EACTS-Guidelines-on-myocardial
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