As ondas venosas pulmonares no MitraClip têm valor prognóstico

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

O MitraClip demonstrou seu benefício em um grupo determinado de pacientes e é bem sabido que um gradiente ≥ 5 mmHg se relaciona com uma evolução mais tórpida. No entanto, há pouca evidência com relação à evolução das ondas venosas pulmonares, às mudanças nas pressões do átrio esquerdo e à onda V. 

Foram analisados de forma retrospectiva 121 pacientes com insuficiência mitral severa que receberam MitraClip. 

A idade média foi de 76 anos, mais da metade eram homens, 25% apresentava diabetes, a maioria estava em classe funcional III-IV, 60% com fibrilação atrial e fração de ejeção de 43%.

A causa foi degenerativa em 64% dos casos. 

O número de clips implantados foi de 1,5, acompanhado de uma diminuição significativa da insuficiência mitral. A mortalidade em 30 dias foi de 8% com uma baixa taxa de complicações. 


Leia também: Quantidade de horas de sono e risco de infarto do miocárdio.


Houve um incremento do gradiente transmitral (2,1 mmHg a 3,6 mmHg; p < 0,001) e além disso se produziu uma redução da pressão do átrio esquerdo (23 mmHg a 19 mmHg; p < 0,001) e da onda V (43 mmHg vs. 28 mmHg; p < 0,001). Também se observou uma melhora na velocidade da onda “S” após o implante do Clip. 

A sobrevida após 24 meses esteve a favor dos que melhoraram as ondas venosas pulmonares (85% vs. 40%; p < 0,001). O mesmo ocorreu com a combinação de mortalidade por qualquer causa, necessidade de assistência ventricular esquerda, reintervenção, cirurgia valvar e re-hospitalização por insuficiência cardíaca. 

Conclusão

As ondas pulmonares venosas são um importante marcador de sucesso do procedimento após o tratamento percutâneo da valva mitral. Estes dados mostram que as ondas pulmonares venosas talvez predigam a re-hospitalização e a mortalidade após o tratamento percutâneo da valva mitral. É importante que sejam feitos grandes estudos multicêntricos para esclarecer esta informação. 

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

Título Original: Pulmonary Venous Waveforms Predict Rehospitalization and Mortality After Percutaneous Mitral Valve Repair.

Referência: Frank E. Corrigan, et al. JACC Cardiovsc Imag.DOI: 10.1016/j.jcmg.2018.07.014.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...