O estudo ISCHEMIA habilita uma infinidade de subestudos. Muitos deles, entre os quais se encontra o presente trabalho, surgiram agora no ACC 2020 virtual.
Esta análise constata que a anatomia – e não a isquemia – prediz os eventos. E, mais interessante ainda, é a constatação de que revascularizar a anatomia não muda o prognóstico.
A severidade anatômica da doença coronariana prediz o risco de morte e infarto em 4 anos de seguimento. No entanto, a estratégia invasiva comparada com o tratamento médico ótimo não oferece benefícios. O anteriormente afirmado é válido independentemente da severidade da isquemia ou da doença coronariana.
Esta análise nos diz que o resultado do estudo principal é aplicável a todo o espectro de extensão de isquemia e severidade anatômica.
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Quanto maior a extensão da doença coronariana maiores as chances de morte ou infarto. Contudo, a estratégia invasiva não pôde modificar significativamente a taxa dos eventos quando comparada com o tratamento médico.
Isso é válido inclusive para os pacientes com doença de três vasos ou com dois vasos e comprometimento da descendente anterior proximal (DAP).
A ideia de que a revascularização poderia ter um particular benefício em pacientes com doença mais severa existe desde a época do estudo COURAGE e, de fato, foi o motivo racional para realizar o ISCHEMIA.
A presente análise pesquisa de forma muito mais minuciosa que o estudo geral a relação entre comprometimento isquêmico, quantidade de lesões e eventual benefício de uma estratégia invasiva.
Do total dos pacientes, 1261 apresentavam doença obstrutiva ≥ 70% nos três vasos ou ≥ 70% em dois vasos, mas incluindo a DAP, ao passo que outros 1027 apresentavam obstruções ≥ 70% em dois vasos ou ≥ 50% em três vasos ou ≥ 70% na DA. Todos os cardiologistas estarão de acordo com o fato de que estes mais de 2000 pacientes realmente apresentavam doença coronariana.
Utilizando os pacientes sem isquemia ou com isquemia leve como referência não se observou associação entre a severidade da isquemia e a mortalidade e apenas uma modesta associação entre os pacientes com isquemia mais severa e o risco de infarto (p = 0,04). Ao contrário do observado com relação à isquemia, aqueles pacientes com poucas lesões anatômicas apresentaram claramente uma menor mortalidade e risco de infarto (p < 0,001 para ambos).
Em todo o espectro de isquemia e em todo o espectro de severidade anatômica não foi observado benefício com a revascularização quanto ao desfecho primário de morte ou infarto em um seguimento de 3,2 anos.
Título original: Relationships of ischemia severity and coronary artery disease extent with clinical outcomes in the ISCHEMIA trial.
Referência: Reynolds H et al. ACC 2020 virtual.
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