ACC 2020 Virtual | Relação entre a severidade da isquemia e a doença coronariana

O estudo ISCHEMIA habilita uma infinidade de subestudos. Muitos deles, entre os quais se encontra o presente trabalho, surgiram agora no ACC 2020 virtual. 

ACC 2020 Virtual | Relación entre la severidad de la isquemia y la enfermedad coronaria

Esta análise constata que a anatomia – e não a isquemia – prediz os eventos. E, mais interessante ainda, é a constatação de que revascularizar a anatomia não muda o prognóstico. 

A severidade anatômica da doença coronariana prediz o risco de morte e infarto em 4 anos de seguimento. No entanto, a estratégia invasiva comparada com o tratamento médico ótimo não oferece benefícios. O anteriormente afirmado é válido independentemente da severidade da isquemia ou da doença coronariana. 

Esta análise nos diz que o resultado do estudo principal é aplicável a todo o espectro de extensão de isquemia e severidade anatômica. 


Leia também: ACC 2020 Virtual | O controverso estudo ISCHEMIA chega finalmente a NEJM.


Quanto maior a extensão da doença coronariana maiores as chances de morte ou infarto. Contudo, a estratégia invasiva não pôde modificar significativamente a taxa dos eventos quando comparada com o tratamento médico. 

Isso é válido inclusive para os pacientes com doença de três vasos ou com dois vasos e comprometimento da descendente anterior proximal (DAP). 

A ideia de que a revascularização poderia ter um particular benefício em pacientes com doença mais severa existe desde a época do estudo COURAGE e, de fato, foi o motivo racional para realizar o ISCHEMIA.


Leia também: ACC 2020 Virtual | Mais dados do ISCHEMIA: mulheres com mais sintomas mas com menos isquemia.


A presente análise pesquisa de forma muito mais minuciosa que o estudo geral a relação entre comprometimento isquêmico, quantidade de lesões e eventual benefício de uma estratégia invasiva. 

Do total dos pacientes, 1261 apresentavam doença obstrutiva ≥ 70% nos três vasos ou ≥ 70% em dois vasos, mas incluindo a DAP, ao passo que outros 1027 apresentavam obstruções ≥ 70% em dois vasos ou ≥ 50% em três vasos ou ≥ 70% na DA. Todos os cardiologistas estarão de acordo com o fato de que estes mais de 2000 pacientes realmente apresentavam doença coronariana. 

Utilizando os pacientes sem isquemia ou com isquemia leve como referência não se observou associação entre a severidade da isquemia e a mortalidade e apenas uma modesta associação entre os pacientes com isquemia mais severa e o risco de infarto (p = 0,04). Ao contrário do observado com relação à isquemia, aqueles pacientes com poucas lesões anatômicas apresentaram claramente uma menor mortalidade e risco de infarto (p < 0,001 para ambos).


Leia também: ACC 2020 Virtual | Vericiguat: uma nova esperança em relação à insuficiência cardíaca crônica.


Em todo o espectro de isquemia e em todo o espectro de severidade anatômica não foi observado benefício com a revascularização quanto ao desfecho primário de morte ou infarto em um seguimento de 3,2 anos. 

Título original: Relationships of ischemia severity and coronary artery disease extent with clinical outcomes in the ISCHEMIA trial.

Referência: Reynolds H et al. ACC 2020 virtual.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Subestudo FLAVOUR trial: FFR ou IVUS na avaliação de pacientes diabéticos

Os pacientes com diabetes (DBT) costumam apresentar uma doença coronariana mais complexa em comparação com os não diabéticos, com maior prevalência de doença coronariana...

ROLLER COASTR-EPIC22: comparação de técnicas de modificação de placa em lesões coronarianas severamente calcificadas

A presença de cálcio nas coronárias limita significativamente o sucesso das angioplastias coronarianas (PCI), sobretudo devido a uma expansão subótima do stent, o que...

Resultados precoces e tardios com stent bioabsorvível ABSORB

A angioplastia coronariana com stents eluidores de fármacos (DES) se associa a uma incidência anual de 2% a 3% de eventos relacionados com o...

É necessário realizar angioplastia em todos os pacientes depois do TAVI?

Gentileza: Dra. Silvina E. Gomez A prevalência da doença coronariana (CAD) em paciente que são submetidos a TAVI é alta, oscilando entre 40% e 70%...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Subestudo FLAVOUR trial: FFR ou IVUS na avaliação de pacientes diabéticos

Os pacientes com diabetes (DBT) costumam apresentar uma doença coronariana mais complexa em comparação com os não diabéticos, com maior prevalência de doença coronariana...

O TAVI apresenta maior mismatch protético em valvas bicúspides?

 A indicação de TAVI está se expandindo fortemente entre pacientes mais jovens e de baixo risco.  A presença de valva aórtica bicúspide (BAV) é observada...

ROLLER COASTR-EPIC22: comparação de técnicas de modificação de placa em lesões coronarianas severamente calcificadas

A presença de cálcio nas coronárias limita significativamente o sucesso das angioplastias coronarianas (PCI), sobretudo devido a uma expansão subótima do stent, o que...