Continuar com monoterapia de ticagrelor após 3 meses de dupla antiagregação plaquetária reduz os sangramentos maiores sem pagar um preço em termos de eventos isquêmicos em comparação com a dupla antiagregação por um ano em pacientes que cursaram uma síndrome coronariana aguda e receberam angioplastia com um stent farmacológico de segunda geração.
Suspender a aspirina aos 3 meses e continuar com ticagrelor reduz o risco de eventos adversos clínicos puros (uma combinação de sangramentos e eventos maiores cardiovasculares) de 5,9% a 3,9% (HR 0,66).
Esta diferencia está conduzida basicamente pela redução dos sangramentos maiores (1,7% vs. 3,0%).
Estes achados indicam que a monoterapia com ticagrelor poderia ser a estratégia ótima que equilibra risco isquêmico e hemorrágico nos pacientes com síndromes coronarianas agudas que receberam o stent de hastes ultrafinas, polímero biodegradável e eluidor de sirolimus. Este último ponto é a chave para que seja difícil de generalizar a estratégia.
O TICO segue a mesma linha do TWILIGHT e de todos os seus subestudos, o que nos inclinaria a dizer que a diferença está relacionada com o ticagrelor. No entanto, há evidência de que este stent em particular apresenta menos eventos trombóticos.
A favor do ticagrelor temos o fato de o braço que manteve a dupla antiagregação durante um ano também ter recebido o stent de hastes ultrafinas.
A prática cotidiana nos dirá com o tempo qual é a estratégia ideal e qual é a real.
No contexto de uma síndrome coronariana aguda é mais fácil para a maioria dos laboratórios de Cardiologia Intervencionista escolher o dispositivo a utilizar e, por outro lado, existe evidência de que a maior razão para migrar do ticagrelor para o clopidogrel são os custos e, como se fosse pouco, são os pacientes que tomam esta decisão, sem entrar em consenso com seus médicos de cabeceira.
Título original: Ticagrelor with or without aspirin in acute coronary syndrome after PCI: randomized evaluation of ticagrelor monotherapy after 3-month dual antiplatelet therapy in acute coronary syndrome (the TICO trial).
Referência: Jang Y et al. Presentado en forma virtual en el ACC 2020.
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