Uma das principais complicações da ablação septal com álcool (ASA) é a alteração no sistema de condução, podendo chegar a ser necessário o implante de marca-passo definitivo (MCPD). Isso se deve principalmente à relação entre a perfusão septal com o sistema de condução (sobretudo o ramo direito). A incidência relatada na bibliografia é de 7% a 20% dos casos.
O objetivo deste trabalho foi determinar os desfechos a curto e longo prazo nos pacientes nos quais foi necessário implantar MCPD por bloqueio atrioventricular de alto grau pós-ASA. Foram analisados os dados do registro multinacional Euro-ASA.
Estudaram-se os pacientes com MCPD e realizou-se um escore de propensão para agrupá-los e compará-los com aqueles que não foram submetidos a implante de dispositivo.
Os desfechos analisados foram a mortalidade por todas as causas em 30 dias, a mortalidade por todas as causas no seguimento de longo prazo, a classe funcional a longo prazo, o gradiente do trato de saída a longo prazo e o índice de reintervenção. A duração do seguimento médio foi de 4,9 anos.
Observou-se uma taxa de implante de MCPD de 9,4% em 30 dias e 3,1% mais no seguimento. A coorte agrupada compreendia 278 pacientes, 139 no grupo MCPD e 139 no grupo não MCPD. A mortalidade em 30 dias foi de 0,4%, sem diferenças significativas entre os grupos. Pacientes com MCPD em geral apresentaram bloqueio prévio de ramo (p = 0,01), foram tratados com uma dose maior de álcool (p = 0,03) e apresentaram uma redução mais significativa do gradiente (p ≤ 0,01).
Foi levada a cabo uma análise multivariada, identificando-se como preditores de mortalidade por todas as causas a idade e a presença de bloqueio prévio do ramo.
Os preditores basais de implante de MCPD foram a maior faixa etária, pior classe funcional, maior dose de álcool e a ocorrência de bloqueio prévio.
Conclusão
O implante de MCPD não se traduziu em maior mortalidade no registro EURO-ASA. Levando em consideração que os dados provêm de um registro importante, a amostra de 278 pacientes foi limitada, o que é um importante gerador de hipóteses.
Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
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