A dissecção coronariana espontânea é uma das causas da síndrome coronariana aguda que, segundo recentes estudos, tem uma prevalência de 1% a 4%, chegando a 35% na população de mulheres abaixo de 50 anos.
A maioria das dissecções ocorrem mais frequentemente em mulheres, motivo pelo qual as pesquisas estão dirigidas e dito grupo. Estudos retrospectivos pequenos demonstraram diferentes disparadores e causas que predispõem a doença em homens em comparação com mulheres. Tais diferenças podem levar a distintos resultados intra-hospitalares e a longo prazo.
O objetivo deste estudo retrospectivo foi descrever as características e os resultados dos homens com dissecção coronariana espontânea e compará-los com as mulheres.
Foram comparadas características demográficas, apresentação clínica, achados angiográficos e resultados cardiovasculares em 3 anos em homens e mulheres do estudo canadense de dissecção coronariana espontânea. Além disso, o estudo avaliou o MACE, que foi um desfecho combinado de morte, IAM, AVC ou acidente isquêmico transitório, hospitalização por insuficiência cardíaca e revascularização.
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Foram analisados 1173 pacientes, sendo a população constituída de 10,5% de homens e 89,5% de mulheres. Quando fizeram a comparação entre os sexos, os homens eram mais jovens (p = 0,01), tinham menor taxa de IAM prévio (p = 0,005), e apresentaram significativamente menos antecedentes de depressão, tinnitus ou enxaqueca. Além disso, quando se fazia o screening de fibrodisplasia muscular, o diagnóstico nos homens era inferior se comparado ao diagnóstico nas mulheres.
Quanto aos disparadores emocionais, os homens relataram menos estresse emocional que as mulheres, mas relataram mais estresse físico. A forma de apresentação clínica foi similar entre os dois sexos. A artéria mais afetada foi a descendente anterior em homens e mulheres. No entanto, os homens apresentaram mais afetação da artéria circunflexa. O tratamento conservador foi o mais utilizado, sem diferença entre os sexos. Nos pacientes que foram submetidos a angioplastia a taxa de sucesso e complicações foi similar entre os dois sexos.
No seguimento, os homens apresentaram uma menor taxa de dor precordial do que as mulheres. Em 3 anos os homens tiveram menor taxa de consulta a emergências e hospitalizações por dor precordial. Não houve diferenças significativas em termos de recorrência de IAM, recorrência de dissecção coronariana e MACE.
Conclusão
Embora os homens representem uma menor proporção dos casos de dissecção coronariana espontânea (aproximadamente 10%), eles são mais jovens e apresentam mais disparadores físicos. Entretanto, apresentam menor diagnóstico de fibrodisplasia muscular, depressão e disparadores emocionais. Os achados angiográficos e os resultados intra-hospitalares são similares entre homens e mulheres e, durante o seguimento os homens tiveram menor recorrência de dor precordial. Não houve diferenças significativas em relação a MACE entre homens e mulheres com dissecção coronariana espontânea.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Differences in Demographics and Outcomes Between Men and Women With Spontaneous Coronary Artery Dissection
Referência: Cameron McAlister, MBCHB et al J Am Coll Cardiol Intv 2022;15:2052–2061.
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