Monoterapia com aspirina vs. clopidogrel um mês após a SCA. Análise de subgrupos segundo risco de sangramento e tipo de IAM

Os guias atuais continuam recomendando a terapia antiplaquetária dual (DAPT) durante 12 meses após uma intervenção coronariana percutânea (PCI) como regime padrão em pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA). Como estratégia alternativa também é contemplada a monoterapia com aspirina ou com um inibidor do P2Y12 depois de um DAPT de curta duração (1-6 meses) para reduzir o risco de sangramento. Contudo, a escolha entre aspirina ou um inibidor de P2Y12 como monoterapia até um ano depois da PCI se baseia nos regimes avaliados em ensaios clínicos prévios, sem que até agora a monoterapia com aspirina tenha sido comparada diretamente com o clopidogrel após um DAPT curto em pacientes com SCA. 

Para definir estratégias antiplaquetárias adequadas, devem ser considerados dois fatores chave: o alto risco de sangramento (ARS) e o tipo de SCA (infarto agudo do miocárdio com elevação do ST [IAMCEST] e sem elevação do ST [IAMSEST]). Recentemente foram publicados os resultados do seguimento de um ano do ensaio STOPDAPT-3 (Duração curta e ótima da terapia antiplaquetária dual-3), que mostraram que a monoterapia com aspirina em comparação com clopidogrel apresentou riscos cardiovasculares e hemorrágicos similares entre o primeiro mês e um ano após a PCI. 

O objetivo desta subanálise do estudo STOPDAPT-3 (multicêntrico e randomizado) foi avaliar os efeitos da monoterapia com aspirina vs. clopidogrel em pacientes com SCA, por meio de uma análise de subgrupos segundo a presença ou ausência de ARS e o tipo de IAM (IAMCEST ou IAMSEST). 

O desfecho primário (DP) foi uma combinação de morte cardiovascular, IAM, trombose definida do stent e acidente vascular cerebral isquêmico (AVC). Também entrou na avaliação o sangramento maior segundo os critérios BARC 3 ou 5. 

Foram analisados 4.353 pacientes, dentre os quais 1.711 apresentaram ARS (39,3%) (grupo aspirina: n = 847; grupo clopidogrel: n = 864), sendo que 2.457 apresentavam IAMCEST. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre a aspirina e o clopidogrel para as variáveis cardiovasculares nos subgrupos com ou sem ARS (HR: 0,89 [IC 95 %: 0,61-1,30] e 1,08 [IC 95 %: 0,61-1,90]; p para a interação = 0,59) nem nos subgrupos IAMCEST o IAMSEST (HR: 1,01 [IC 95 %: 0,68-1,50] e 0,81 [IC 95 %: 0,48-1,37]; p para a interação = 0,51). 

Leia também: Isquemia detectada mediante ecoestresse com dobutamina como preditor de eficácia em angioplastia coronariana.

Do mesmo modo, não foram constatadas diferenças significativas no risco de sangramento entre os subgrupos segundo o risco hemorrágico (HR: 0,73 [IC 95 %: 0,40-1,33] e 0,71 [IC 95 %: 0,23-2,24]; p para a interação = 0,97) nem entre os subgrupos IAMCEST ou IAMSEST (HR: 0,96 [IC 95 %: 0,46-2,01] e 0,53 [IC 95 %: 0,24-1,17]; p para a interação = 0,28).

Conclusão

Em pacientes com SCA, a monoterapia com aspirina após um mês de DAPT e a monoterapia com clopidogrel mostraram resultados cardiovasculares e hemorrágicos similares desde o primeiro mês até um ano depois da ICP, independentemente do risco de sangramento e do subtipo de SCA (IAMCEST ou IAMSEST).

Título Original: Aspirin vs Clopidogrel 1 Month After Acute Coronary Syndrome With High-Bleeding Risk or ST-Segment Elevation.

Referência: Yuki Obayashi, MD et al JACC Cardiovasc Interv. 2025.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Dr. Andrés Rodríguez
Dr. Andrés Rodríguez
Membro do Conselho Editorial da solaci.org

Mais artigos deste autor

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

Doença de tronco da coronária esquerda: ATC guiada por imagens intravasculares vs. cirurgia de revascularização miocárdica

Múltiplos ensaios clínicos randomizados demonstraram resultados superiores da cirurgia de revascularização coronariana (CABG) em comparação com a intervenção coronariana percutânea (ATC) em pacientes com...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...