Melhora da função ventricular pós-revascularização: menos eventos para todos os subgrupos?

Segundo os estudos STITCH e STITCHES, em pacientes com doença coronariana e deterioração da função ventricular, a revascularização de um miocárdio viável pode chegar a reverter a disfunção ventricular sistólica. 

Mejoría de la función ventricular post revascularización ¿menores eventos para todos los subgrupos?

Essa melhora da função ventricular com a revascularização, principalmente relacionada com a cirurgia de revascularização miocárdica (CRM), melhora a sobrevida a longo prazo em comparação com o tratamento médico. Pouco se sabe, no entanto, sobre o impacto do aumento da função ventricular, isto é, se apresenta um benefício em termos de redução da mortalidade e insuficiência cardíaca (IC) ou através da diminuição da morbimortalidade relacionada com a doença coronariana. 

O objetivo deste trabalho foi avaliar a relação entre o aumento da função ventricular sistólica (Delta de função ventricular) associado à revascularização, em pacientes com angioplastia (PCI) e CRM, e a ocorrência de eventos cardiovasculares. 

Fez-se uma análise da base de dados de veteranos dos Estados Unidos (National Veterans Affairs Patient Care Database) que incluiu pacientes com deterioração da função ventricular nos quais se realizou PCI ou CRM e que apresentaram estudos ecocardiográficos pré e pós-intervenção. Os desfechos analisados foram a mortalidade e os dias de internação por insuficiência cardíaca. 

Obtiveram-se dados de 10.071 pacientes, com uma função ventricular média de 35% e um seguimento médio de 5 anos. Ao analisar o subgrupo PCI, um aumento de 5% da função ventricular se associou a uma redução significativa de 6% de morte (HR 0,94, IC 95% 0,92-0,96) e 10% em dias de hospitalização por IC (HR 0,90, IC 95% 0,84-0,95). No subgrupo CRM não houve diferenças significativas de mortalidade (HR 0,97, IC 95% 0,94-1,01) nem de hospitalização por IC (HR 0,95, IC95% 0,85-1,07). 

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Os pacientes categorizados como “maior aumento da função ventricular” (delta de função ventricular > 5%) mostraram menor mortalidade em comparação com o grupo padrão (HR 0,73, IC 95% 0,66–0,81; p =< 0,0001) e menos dias de internação por IC (0,59, IC 95% 0,42–0,83; p = 0,0003). Os eventos observados se relacionam sobretudo com os pacientes que foram submetidos a PCI. 

Conclusão

No grupo de pacientes revascularizados, observou-se um aumento modesto da função ventricular, o que implicou menos mortalidade e menos dias de internação por IC, sobretudo devido ao subgrupo PCI, observando-se menor quantidade de eventos nos pacientes com maior delta de função ventricular. 

Estes resultados contam com as limitações próprias de seu desenho observacional e da falta de análise do motivo de revascularização, motivo pelo qual não permite tirar conclusões a respeito das diferenças observadas nos subgrupos PCI e CRM (achado que deveria ser considerado uma hipótese a ser pesquisada em futuros trabalhos). 

Dr. Omar Tupayachi

Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Change in Left Ventricular Ejection Fraction With Coronary Artery Revascularization and Subsequent Risk for Adverse Cardiovascular Outcomes.

Referência: Velagaleti, Raghava S et al. Circulation. Cardiovascular interventions vol. 15,4 (2022): e011284. doi:10.1161/CIRCINTERVENTIONS.121.011284.


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