Angulação aórtica: Impacto no sucesso da TAVR

Título original: Aortic Angulation Attenuates Procedural Success Following Self-Expandable But Not Balloon-Expandable TAVR.

Referência: Abramowitz Y et al. JACC Cardiovasc Imaging. 2016 Jul 8. [Epub ahead of print].

 

Angulação aórtica pós-TAVR

O grau de angulação entre a aorta e o coração pode fazer com que o implante preciso de uma válvula seja muito desafiante, especialmente em graus extremos de angulação como um arco horizontal.

Por mais que o anteriormente dito pareça óbvio, há dados limitados sobre o impacto da angulação aórtica durante o implante de uma válvula aórtica por cateter.

Por isso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto da angulação aórtica no resultado imediato da substituição percutânea da valva aórtica (TAVR).

Foram avaliados 582 pacientes que receberam TAVR e tinham uma tomografia computadorizada pré-procedimento disponível para avaliar a angulação aórtica.

Os desfechos foram considerados de acordo com as definições do Valve Academic Research Consortium-2.

A angulação média da aorta foi de 47,3 ± 8,7°, motivo pelo qual os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com uma angulação < 48º ou ≥ 48°.

Entre os 480 pacientes que receberam válvulas balão expansíveis, a angulação aórtica não influiu no resultado agudo do procedimento ou nos resultados clínicos no curto prazo.

Ao contrário, uma angulação aórtica marcada nos 102 pacientes que receberam dispositivos autoexpansíveis atenuou o resultado agudo do procedimento (área sob a curva: 0,73; IC 95% 0,61 a 0,85; p = 0,008).

O corte de angulação onde se observou a maior sensibilidade e especificidade para predizer problemas foi justamente ≥ 48° (sensibilidade 85%, especificidade 61%).

Os pacientes com uma angulação ≥ 48 que receberam dispositivos autoexpansíveis apresentaram mais frequentemente a necessidade de uma segunda válvula, necessidade de pós-dilatação, maior tempo de fluoroscopia, embolização do dispositivo e insuficiência aórtica paravalvar maior a leve.

A mortalidade em 30 dias e em 6 meses não foi influenciada pela angulação ou pelo dispositivo.

 

Conclusão

A angulação marcada do arco aórtico pode influir negativamente no resultado agudo do procedimento naqueles pacientes que recebem próteses aórticas autoexpansíveis mas não naqueles que recebem próteses balão expansíveis.

 

Comentário editorial

Estudos futuros com novos dispositivos devem incluir a angulação aórtica como fator a ser avaliado. Os novos dispositivos autoexpansíveis reposicionáveis e recapturáveis poderiam resolver este problema: durante a liberação (no momento em que a válvula marca uma cintura com o anel) é possível empurrar todo o sistema para que este “copie” o ângulo entre a aorta e o coração e, assim, terminar a liberação em posição praticamente horizontal.

 

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