Protrusão de placa pós-DES: eventos adversos a longo prazo?

Título original: Tissue Protrusion After Stent ImplantationAn ADAPT-DES Intravascular Ultrasound Substudy.

Referência: Fuyu Qiu et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2016;9(14):1499-1507.

 

Protrusão de placa pós-DESApós o implante de um stent é relativamente frequente observar a protrusão de tecido (placa ou trombo), especialmente em lesões instáveis. Contudo, o impacto clínico disso não está estudado. Diante de ditos fatos, o objetivo do estudo foi avaliar a prevalência e o impacto clínico a longo prazo da protrusão de tecido após o implante de um stent.

O estudo ADAPT-DES (Assessment of Dual Antiplatelet Therapy With Drug-Eluting Stents) incluiu de maneira prospectiva 8.663 pacientes que receberam angioplastia com stents farmacológicos.

Foi pré-especificado um subestudo com ultrassom intravascular coronário (IVUS) onde 2.072 pacientes receberam IVUS pós-angioplastia e foram classificados de acordo com a presença ou não de protrusão de tecido pós-stent.

Após a angioplastia, 34,3% das lesões mostraram protrusão de tecido no IVUS. A média máxima da protrusão de tecido foi de 0,7 mm2 de área (intervalo de 0,5 a 1,2 mm) e de 3 mm (intervalo de 1,4 a 6,7 mm) de comprimento.

Os pacientes com protrusão de tecido se apresentaram muito mais frequentemente cursando uma síndrome coronária aguda de alto risco (infartos com e sem supradesnivelamento do segmento ST) e menos frequentemente com angina instável ou com cardiopatia isquêmica estável.

Nas 893 lesões submetidas a IVUS pré-angioplastia observou-se que a protrusão de tecido está associada a um maior volume de placa, placas rotas, placas moles e placas com “cap” fino em artérias com uma área luminal de referência maior.

Dado que a protrusão de placa levou frequentemente à pós-dilatação, estes pacientes tiveram uma área luminal final maior que os pacientes sem protrusão de placa.

Em dois anos de seguimento, observou-se uma taxa menor de revascularização justificada pela clínica nos pacientes que apresentaram protrusão de tecido e diferenças não significativas quanto a eventos adversos maiores (morte cardíaca, infarto ou trombose do stent) em comparação com os pacientes sem protrusão do tecido.

 

Conclusão

A protrusão de tecido diagnosticada por IVUS após uma angioplastia com stent farmacológico não se associa a eventos adversos a longo prazo, em parte, devido à maior expansão do stent, que se consegue depois da pós-dilatação.

 

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Doença de tronco da coronária esquerda: ATC guiada por imagens intravasculares vs. cirurgia de revascularização miocárdica

Múltiplos ensaios clínicos randomizados demonstraram resultados superiores da cirurgia de revascularização coronariana (CABG) em comparação com a intervenção coronariana percutânea (ATC) em pacientes com...

AHA 2025 | TUXEDO-2: manejo antiagregante pós-PCI em pacientes diabéticos multivaso — ticagrelor ou prasugrel?

A escolha do inibidor P2Y12 ótimo em pacientes diabéticos com doença multivaso submetidos a intervenção coronariana percutânea (PCI) se impõe como um desafio clínico...

AHA 2025 | DECAF: consumo de café vs. abstinência em pacientes com FA — recorrência ou mito?

A relação entre o consumo de café e as arritmias tem sido objeto de recomendações contraditórias. Existe uma crença estendida de que a cafeína...

AHA 2025 | Estudo OCEAN: anticoagulação vs. antiagregação após ablação bem-sucedida de fibrilação atrial

Após uma ablação bem-sucedida de fibrilação atrial (FA), a necessidade de manter a anticoagulação (ACO) a longo prazo continua sendo incerta, especialmente considerando que...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...