Segurança da angioplastia carotídea precoce em pacientes sintomáticos

Este trabalho mostra a segurança da angioplastia carotídea dentro dos 14 dias de um AVC, sendo, atualmente, a maior série de pacientes sintomáticos publicada por uma instituição.

La endarterectomía precoz parece superior a la angioplastia carotidea en pacientes sintomáticosO momento exato para realizar o procedimento após um AVC agudo continua sendo motivo de controvérsia, embora a maioria dos estudos publicados até agora tenham favorecido a endarterectomia precoce por sobre a angioplastia precoce. Esta série nos mostra uma morbidade muito aceitável (inferior a 3%). Será que estes resultados da prática cotidiana podem ser reproduzidos por outras instituições?

 

Todos os pacientes consecutivos entre o ano 2000 e o ano 2016 com sintomas ipsilaterais que receberam angioplastia carotídea por uma estenose extracraniana superior a 70% foram incluídos prospectivamente. Analisou-se a morbidade em 30 dias (qualquer AVC sem incluir os eventos transitórios como amaurose fugaz ou acidente isquêmico transitório), mortalidade tanto na fase precoce (14 dias após o AVC) como na fase mais tardia (15 a 180 dias após o AVC).


Leia também: Síndrome de Hiperperfusão cerebral pós-angioplastia carotídea: uma complicação que podemos prevenir.


Foram incluídos 1.227 pacientes sintomáticos com estenose carotídea que receberam angioplastia. Em 291 deles o procedimento se realizou dentro dos 14 dias e em 936 após os 14 dias.

 

A mortalidade mais qualquer AVC para a coorte inteira foi de 2,2% (2,7% na intervenção precoce vs. 2% na realizada após os 14 dias; p = 0,47).

 

Não se observaram diferenças em mortalidade entre o procedimento precoce e o realizado posteriormente, tanto em termos de acidente isquêmico transitório (5,2% vs. 3,9%; p = 0,33), AVC menor (1,4% vs. 0,5%; p = 0,14) ou AVC maior (0,7% vs. 0,6%; p = 0,59). A mortalidade entre os dias 15 e 180 também foi similar, com 0,7% e 0,9%, respectivamente (p = 0,56).


Leia também: Eficácia do stent de micromalha na angioplastia carotídea.


É necessário levar em consideração o fato de o trabalho analisar somente os eventos periprocedimento, tenha sido este realizado de forma precoce (dentro dos 14 dias) ou mais tardiamente. Embora as diferenças não sejam significativas, ao observar os resultados a angioplastia tardia parece numericamente levar a melhores resultados. Entretanto, deveríamos considerar todos os eventos espontâneos que se produziram até o procedimento e que foram “poupados” com a angioplastia precoce.

 

Conclusão

A angioplastia carotídea pode ser realizada com segurança durante a fase precoce de um AVC isquêmico com uma baixa taxa de complicações. Mais estudos são necessários para avaliar a reprodutibilidade, em outros centros, dos resultados aqui encontrados.

 

Título original: Safety of Early Carotid Artery Stenting for Symptomatic Stenosis in Daily Practice.

Referência: Jesús Alcalde-López et al. Eur J Vasc Endovasc Surg (2018), Article in press.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Impacto da Pressão Arterial Sistólica Basal nas Alterações Pressóricas após a Denervação Renal

A denervação renal (RDN) é uma terapia recomendada pelas diretrizes para reduzir a pressão arterial em pacientes com hipertensão não controlada, embora ainda existam...

Hipertrigliceridemia como fator-chave no desenvolvimento do aneurisma de aorta abdominal: evidência genética e experimental

O aneurisma de aorta abdominal (AAA) é uma patologia vascular de alta mortalidade, sem opções farmacológicas efetivas e com um risco de ruptura que...

Fibrilação Atrial e Doença Renal Crônica: Resultados de Diferentes Estratégias de Prevenção de Acidente Vascular Cerebral

A fibrilação atrial (FA) afeta aproximadamente 1 em cada 4 pacientes com doença renal terminal (DRT). Essa população apresenta uma alta carga de comorbidades...

Segurança da drenagem profilática de líquido cefalorraquidiano na reparação aberta e endovascular de aneurismas aórticos torácicos e toracoabdominais

A lesão medular continua sendo uma das complicações mais devastadoras da reparação de aneurismas torácicos e toracoabdominais, associando-se principalmente ao comprometimento da artéria de...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Impacto da Pressão Arterial Sistólica Basal nas Alterações Pressóricas após a Denervação Renal

A denervação renal (RDN) é uma terapia recomendada pelas diretrizes para reduzir a pressão arterial em pacientes com hipertensão não controlada, embora ainda existam...

AHA 2025 | DAPT-MVD: DAPT estendido vs. aspirina em monoterapia após PCI em doença multivaso

Em pacientes com doença coronariana multivaso que se mantêm estáveis 12 meses depois de uma intervenção coronariana percutânea (PCI) com stent eluidor de fármacos...

AHA 2025 | TUXEDO-2: manejo antiagregante pós-PCI em pacientes diabéticos multivaso — ticagrelor ou prasugrel?

A escolha do inibidor P2Y12 ótimo em pacientes diabéticos com doença multivaso submetidos a intervenção coronariana percutânea (PCI) se impõe como um desafio clínico...