Como evitar o tratamento farmacológico excessivo em idosos

O risco cardiovascular se incrementa dramaticamente com a idade, o que leva, por exemplo, ao tratamento quase universal com estatinas baseando-se no risco para a população idosa. Para evitar o tratamento excessivo nessa população é necessário identificar, por um lado, aqueles indivíduos com fragilidade (pacientes prostrados ou com demência senil), que põem em dúvida a efetividade do tratamento e, por outro, aqueles que, apesar da idade, são pacientes de baixo risco e não requerem tratamento farmacológico, independentemente do que indicam os escores.

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Este trabalho fez foco em buscar os fatores “negativos”, ou seja, aqueles que reduziriam o risco da idade para identificar os idosos que a curto prazo têm um baixo risco de doença coronariana ou cardiovascular.

Foram estudados em 5.805 pacientes (idade média de 69 anos e seguimento de 2,7 anos) 13 marcadores definidos como “negativos” (cálcio coronariano igual a zero, cálcio coronariano ≥ 10, ausência de placas carotídeas, ausência de história familiar, índice tornozelo/braço normal, resultados abaixo de percentil 25 dos seguintes estudos: espessura de carótida íntima média, Apolipoproteína B, galactina-3, proteína C reativa de alta sensibilidade, lipoproteína A, NT proBNP, transferrina e Apolipoproteína A acima do percentil 75).

Um escore de cálcio de zero ou ≤ 10 foram preditores mais categóricos de marcadores “negativos”, com aproximadamente 80% menos de risco que o esperado pelos escores tradicionais. Os mesmos estiveram acompanhados da galactina-3 e da ausência de placas na carótida como fatores capazes de “reduzir” risco.


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Os marcadores restantes não tiveram um impacto tão impressionante.

A reclassificação de risco para a indicação classe 1 das estatinas segundo as diretrizes da AHA/ACC ocorreu com um escore de cálcio de zero (índice de reclassificação 0,23), escore de cálcio ≤ 10 (índice de reclassificação 0,28), galactina-3 (índice de reclassificação 0,14) e ausência de placas carotídeas (índice de reclassificação 0,08).

Conclusão

Os pacientes idosos com um escore de cálcio igual a zero ou ≤10, uma galactina-3 baixa ou a ausência de placas carotídeas têm um risco cardiovascular baixo (muito menor do que o que predizem os escores de risco tradicionais) e colocam em dúvida a necessidade de tratamento com alguns fármacos como as estatinas na população em questão.

Título original: Negative Risk Markers for Cardiovascular Events in the Elderly.

Referência: Martin Bødtker Mortensen et al. J Am Coll Cardiol 2019;74:1–11.


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