A cirurgia de revascularização miocárdica continua sendo uma das estratégias de tratamento mais efetivas para a doença coronariana. Uma das maiores vantagens da cirurgia com relação à angioplastia é a possibilidade de alcançar uma revascularização completa. Isso comprovadamente melhora a sobrevida dos pacientes e reduz a incidência de eventos cardiovasculares.
A escolha dos dutos para confeccionar as pontes é fundamental para assegurar a perviedade de ditas pontes (em última instância, para assegurar a revascularização completa por mais tempo).
Devido à deterioração acelerada das pontes venosas (50% de oclusão em 10 anos), a mamária interna se tornou o gold standard para conectar a descendente anterior.
O uso de pontes arteriais diferentes da mamária esquerda, no entanto, é muito baixo. O uso da dupla mamária é de aproximadamente 4,9% e o uso da artéria radial ronda os 6,5%.
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A falta de adoção de uma revascularização completa arterial se deve, em parte, à falta de evidência contundente e inequívoca que respalde seu benefício.
Enquanto algumas séries e metanálises mostraram o benefício da revascularização arterial, recentes estudos randomizados não puderam fazê-lo. Isso significa que não há evidências categóricas que justifiquem a maior dificuldade técnica, o maior tempo operatório e as possíveis complicações.
O presente trabalho publicado no J Am Coll Cardiol incluiu o incrível número de 61.310 pacientes que foram submetidos a cirurgia com apenas uma ponte arterial (n = 49.076; 80%) ou com múltiplas pontes arteriais (n = 12.234; 20%). Utilizando o propensity score para emparelhar as diferenças entre os dois grupos, os autores não observaram diferenças entre as duas estratégias no seguimento de um ano, mas em 7 anos a mortalidade, os infartos e as novas revascularizações foram significativamente mais reduzidos no grupo que recebeu todas as pontes arteriais.
A maior fortaleza deste trabalho é a enorme quantidade de pacientes incluídos em 42 hospitais e com 246 cirurgiões, o que realmente nos dá uma ideia da prática clínica diária.
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A menor mortalidade com as múltiplas pontes artérias foi constatada nos centros com maior experiência neste tipo de estratégias.
Outra coisa importante é que a estratégia com pontes arteriais se associou de forma significativa a infecções da ferida.
Conclusão
A mortalidade e a combinação de eventos em um ano foram similares entre a estratégia cirúrgica de uma só ponte arterial vs. múltiplas pontes arteriais, mas em 7 anos constatou-se um claro benefício em todos os aspectos a favor das pontes arteriais múltiplas.
Título original: Multiple Versus Single Arterial Coronary Bypass Graft Surgery for Multivessel Disease.
Referência: Zaza Samadashvili et al. J Am Coll Cardiol 2019;74:1275–85.
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