A EACTS (European Association for Cardio-Thoracic Surgery) formalmente retirou seu apoio das últimas diretrizes de revascularização coronariana depois de uma reportagem da BBC sugerir que os dados do estudo EXCEL poderiam ter sido manipulados.
As diretrizes de 2018 foram escritas em conjunto com a ESC (European Society of Cardiology) e basearam-se fundamentalmente no estudo EXCEL para suas recomendações relativas à revascularização do tronco da coronária esquerda.
Foi por esta razão que a EACT retirou o apoio que dava às diretrizes, ao conhecer por uma reportagem da BBC que os pacientes que receberam angioplastia apresentaram significativamente mais infartos que os que foram submetidos a cirurgia. Muitos pacientes entre a publicação das diretrizes de 2018 e hoje podem ter recebido um conselho errôneo de parte de seus cardiologistas.
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O Dr. David Taggart (Universidade de Oxford, Inglaterra) – pesquisador principal do comitê cirúrgico do EXCEL durante a fase de recrutamento – foi muito crítico com os resultados e até chegou a solicitar que seu nome não figurasse na publicação do New England Journal of Medicine no seguimento de 5 anos. Quem rejeitaria ser autor de um trabalho publicado na revista mais prestigiosa de medicina do mundo? Sem dúvida, alguém que suspeitava que os resultados não estavam bem.
Após a publicação do EXCEL, em 2016, no NEJM, as diretrizes foram atualizadas em 2018 a angioplastia de tronco com escore de Syntax baixo ganhou uma recomendação classe IA (idêntica à recomendação dada à cirurgia). Para os pacientes com lesão de tronco e escore de Syntax intermediário a recomendação foi IIA, e com escore de Syntax alto a recomendação foi III. A cirurgia manteve o IA sem importar o escore de Syntax.
A publicação do EXCEL em seu seguimento de 3 anos mostrou que não havia diferenças entre a angioplastia e a cirurgia em relação ao risco de morte, infarto ou AVC nos pacientes com lesão de tronco e escore de Syntax baixo ou intermediário. No entanto, a reportagem da BBC afirmou que de acordo com a terceira definição universal de infarto a taxa de dito evento no grupo angioplastia foi 80% superior à do grupo cirúrgico.
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Os resultados do EXCEL foram absolutamente cruciais para a atualização das diretrizes em 2018; essa é a razão do alvoroço causado pela reportagem da BBC.
A taxa de infarto agudo do miocárdio relacionada com a terceira definição universal estava dentro dos desfechos secundários do protocolo. No entanto, por alguma razão não foram escritos na publicação do NEJM.
Tanto o comitê intervencionista quanto o cirúrgico (um trabalho em equipe inédito para um estudo de angioplastia vs. cirurgia) estiveram de acordo com o fato de a escolha da definição de infarto ser muito mais complexa do que parece na definição utilizada no EXCEL como desfecho primário. Conforme esta definição os resultados são similares entre ambas as estratégias de revascularização. Ao utilizar a terceira definição universal os resultados mudam e não há problema com isso: muda a definição e mudam os resultados. O problema foi omitir sua publicação.
Nos próximos dias esperamos as explicações formais dos autores para esclarecer a situação.
Título original: Surgeons withdraw support for heart disease advice.
Referência: Cohen D et al. BBC News.
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