Consumo de ovos e mortalidade por eventos cardiovasculares

De acordo com este trabalho recentemente publicado na prestigiosa revista JAMA, o consumo elevado de colesterol ou de ovos (cujas gemas apresentam uma alta concentração de dito lipídio) se associa significativamente a um maior risco de eventos cardiovasculares e mortalidade por qualquer causa, com uma curva típica de dose/efeito. Segundo os autores, esta informação deveria ser considerada para atualizar as diretrizes de alimentação atuais. 

colesterol ldl placas coronarias

O colesterol é um nutriente comum em qualquer dieta não vegana e os ovos são sua principal fonte. A recomendação sobre o consumo de ovos passou por várias etapas, de “inimigo público” a “salvador da pátria”. Este trabalho visa a colocar fim nas controvérsias e aportar a informação definitiva. 

Esta análise incluiu 29.615 participantes com uma idade média de aproximadamente 50 anos seguidos durantes uma média de 17,5 anos. 

Por cada 300 mg de colesterol adicional consumido por dia (medida que na prática cotidiana é muito difícil de determinar) ou para cada meio ovo adicional por dia (muito mais fácil de medir) foi observado um significativo aumento dos eventos cardiovasculares (HR ajustado 1,17; IC 95%: 1,09 a 1,26) e da mortalidade por qualquer causa (HR ajustado 1,18; IC 95%: 1,10 a 1,26).


Leia também: Controle do colesterol LDL ajuda a reduzir o volume de placas.


A associação entre o consumo de ovos e os eventos cardiovasculares ou a morte por qualquer causa já não foi significativa depois de ajustar pelo consumo de colesterol na dieta diária. Isto significaria que o problema é o colesterol em si, e os ovos são uma fonte fácil de medição do mesmo. Não se constatou a existência de nenhum componente extra nos ovos (além do colesterol) que seja prejudicial à saúde. Reduzir o consumo de ovos, em última instância, reduz o consumo de colesterol. 

Título original: Associations of Dietary Cholesterol or Egg Consumption With Incident Cardiovascular Disease and Mortality.

Referência: Victor W. Zhong et al. JAMA. 2019;321(11):1081-1095.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Pré-tratamento com DAPT em síndromes coronarianas agudas: continua sendo um debate não resolvido?

Na síndrome coronariana aguda (SCA), a terapia antiplaquetária dual (DAPT) representa um pilar fundamental após a intervenção mediante angioplastia coronariana percutânea (PCI), ao prevenir...

SMART-CHOICE 3 | Eficácia e segurança da monoterapia com clopidogrel vs. aspirina em pacientes com alto risco após uma intervenção coronariana percutânea

Gentileza do Dr. Juan Manuel Pérez. Ao finalizar a duração padrão da terapia antiplaquetária dual (DAPT) posterior a uma intervenção coronariana percutânea (PCI), a estratégia...

Pacientes com alto risco de sangramento após uma ATC coronariana: são úteis as ferramentas de definição de risco segundo o consórcio ARC-HBR e a...

Os pacientes submetidos ao implante de um stent coronariano costumam receber entre 6 e 12 meses de terapia antiplaquetaria dual (DAPT), incluindo esta um...

Principais estudos do segundo dia do ACC 2025

BHF PROTECT-TAVI (Kharbanda RK, Kennedy J, Dodd M, et al.)O maior ensaio randomizado feito em 33 centros do Reino Unido entre 2020 e 2024...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Veja as melhores imagens das Jornadas Uruguai 2025

Aproveite os melhores momentos das Jornadas Uruguai 2025, realizadas no Hotel Radisson de Montevidéu (Uruguai) nos dias 7, 8 e 9 de maio de...

Tratamento percutâneo da insuficiência mitral funcional atrial

A insuficiência mitral (IM) por dilatação atrial funcional (AFMR) é uma afecção que representa aproximadamente um terço dos casos de insuficiência mitral, associando-se com...

Tabagismo e seu impacto na doença cardiovascular 10 anos depois de uma angioplastia coronariana

O tabagismo é um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares ateroscleróticas. Alguns relatórios históricos sugeriram, no entanto, um menor...