Subutilização do tratamento médico na doença vascular periférica

Menos da metade dos pacientes que são submetidos a uma angioplastia nos membros inferiores recebem alta com tratamento médico ótimo. 

Subutilización del tratamiento médico en enfermedad vascular periférica

Os fatores de risco tradicionais foram preditores de um tratamento mais completo, embora as mulheres e os pacientes com maior risco de trombose ou mais predispostos à perda do membro inferior tenham estado longe de ser tratados de maneira ótima.

A impressão subjetiva quando lemos os resultados é que para a maioria dos médicos as mulheres não estão em risco e que, no extremo oposto, os que correm perigo de amputação têm um risco tão alto que não vale a pena fazer o esforço. 

O objetivo deste trabalho foi conhecer as indicações, no momento da alta, dos pacientes que foram submetidos a angioplastia nos membros inferiores.

De acordo com as diretrizes, considerou-se tratamento médico ótimo o recebido por aqueles pacientes que receberam alta com a prescrição de antiagregantes plaquetários, estatinas e um inibidor da enzima de conversão da angiotensina (ASEI) ou um bloqueador do receptor da angiotensina (ARB). 


Leia também: Mais stents somam evidência ao esquema curto e aproximamo-nos do “efeito de classe”.


Dos 12316 pacientes incluídos somente 47,4% (n = 5844) receberam alta com o tratamento médico ótimo. A grande maioria tinha antiagregantes (95,2%), muitos tinham estatinas (83,5%) e uma menor proporção tinha ACEI ou ARB (55,8%).

80,5% dos pacientes tinha uma indicação classe I para receber antiagregantes. 

Na análise multivariada observou-se que o sexo feminino, os pacientes idosos, aqueles com insuficiência renal, isquemia crítica de membros inferiores ou com insuficiência cardíaca foram preditores de NÃO receber o tratamento completo recomendado pelas diretrizes no momento da alta. 


Leia também: Efeito pleiotrópico do metoprolol poderia diferenciá-lo de todos os betabloqueadores.


No extremo oposto, a hipertensão, a diabetes, a doença coronariana e um procedimento de revascularização prévio foram preditores positivos de tratamento completo. 

Conclusão

Menos da metade dos pacientes que são submetidos a uma angioplastia nos membros inferiores recebem alta com tratamento médico completo seguindo as diretrizes. É necessário intensificar os esforços tanto com os médicos como com os pacientes para fechar essa brecha. 

Título original: Predictors of Underutilization of Medical Therapy in Patients Undergoing Endovascular Revascularization for Peripheral Artery Disease.

Referência: S. Elissa Altin et al. J Am Coll Cardiol Intv 2020;13:2911–8.


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