Esquema curto e monoterapia, uma prática com muita evidência

Um esquema de 1 a 3 meses de dupla antiagregação plaquetária (DAPT) seguido de monoterapia de um inibidor P2Y12 após o implante de um stent farmacológico (DES) de 2ª geração é mais seguro e tem a mesma efetividade de um esquema tradicional.

A ideia é clara, mas por que não se testou continuar apenas com aspirina? Estará a aspirina fora de moda? Há razões fisiopatológicas? Ou, simplesmente, é uma questão de custos? Essas perguntas estão vigentes e é necessário realizar pesquisas para respondê-las.

Esta metanálise incluiu 5 estudos randomizados com mais de 30.000 pacientes que exploraram a hipótese de um esquema curto de DAPT (< ou igual a 3 meses) seguido de monoterapia de um inibidor P2Y12 vs. 12 meses de DAPT após o implante de um DES de 2ª geração.

Os sangramentos maiores e a trombose do stent em seguimento de um ano após randomização se constituíram no desfecho primário.

O sangramento maior foi significativamente mais baixo nos pacientes randomizados a um esquema curto (HR 0,63, IC 95% 0,45 a 0,86) seguido de monoterapia de um P2Y12 vs. 12 meses de DAPT.

Essa maior segurança com o esquema curto não teve nenhum custo em termos de trombose do stent. A trombose foi similar para ambos os esquemas (HR 1,19, IC 95% 0,86 a 1,65).


Leia também: A pressão diastólica pode levar a situações indesejáveis em pacientes tratados por HTA.


Todos os desfechos secundários (morte por qualquer causa, infarto do miocárdio ou AVC) foram similares entre as duas estratégias de antiagregação.

A análise de sensibilidade mostrou resultados consistentes ao comparar os diferentes estudos randomizados ou subgrupos de pacientes.

Conclusão

Um a 3 meses de dupla antiagregação plaquetária seguidos de monoterapia de um inibidor P2Y12 se associou a menos sangramentos maiores com uma taxa semelhante de trombose do stent, morte, infarto ou AVC em comparação com o clássico esquema de 12 meses de dupla antiagregação plaquetária.

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Título original: Short dual antiplatelet therapy followed by P2Y12 inhibitor monotherapy vs. prolonged dual antiplatelet therapy after percutaneous coronary intervention with second-generation drug-eluting stents: a systematic review and meta-analysis of randomized clinical trials.

Referência: Daniele Giacoppo et al. European Heart Journal (2021) 42, 308–319 doi:10.1093/eurheartj/ehaa739.


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