Fibrilação atrial e demência: que anticoagulante apresenta menos risco?

A fibrilação atrial é um fator de risco para a demência e os anticoagulantes provaram diminuir dito risco. O objetivo deste trabalho foi buscar diferenças no risco de demência entre os pacientes tratados com a clássica varfarina vs. diferentes anticoagulantes diretos. 

Fibrilación auricular y demencia ¿Qué anticoagulante tiene el menor riesgo?

Entre 2014 e 2017 foram incluídos 72846 pacientes com mais de 40 anos com fibrilação atrial não valvar e que até o momento da inclusão não tinham sido tratados com nenhum anticoagulante. O desfecho primário foi a incidência de demência

Do total, 25.498 foram tratados com varfarina e os restantes 46.898 com anticoagulantes diretos (17.193 com rivaroxabana, 9.882 com dabigatrana, 11.992 com apixabana e 7831 com endoxabana).

Após um período de 1,3 ± 1,1 ano de seguimento observou-se uma incidência crua de 4,87/100 pacientes por ano (1,2/100 pacientes por ano para demência vascular e 3,3/100 pacientes por ano para demência por Alzheimer. 

A varfarina e os novos anticoagulantes mostraram um risco comparável tanto em termos de demência global quanto demência vascular ou Alzheimer. 

Na análise de subgrupos os inibidores diretos mostraram menor risco de demência que a varfarina nos pacientes entre 65 e 74 anos (HR, 0,815 IC 95%, 0,7 a 0,9) e nos pacientes com AVC prévio (HR, 0,891 IC 95%, 0,8 a 0,9).


Leia também: AFIRE Trial: Fibrilação atrial e angioplastia: qual é a terapia ideal?


Quando os inibidores diretos foram comparados de maneira individual com a varfarina a medicação ganhadora foi a endoxabana. 

Conclusão

Nesta grande série de pacientes com fibrilação atrial, os inibidores diretos tiveram resultados similares no que se refere ao risco de demência aos da clássica varfarina. As novas drogas foram superiores no subgrupo de pacientes de entre 65 e 74 anos e naqueles pacientes com AVC prévio

Título original: Comparing Warfarin and 4 Direct Oral Anticoagulants for the Risk of Dementia in Patients With Atrial Fibrillation.

Referência: So-Ryoung Lee et al. Stroke. 2021 Nov;52(11):3459-3468. doi: 10.1161/STROKEAHA.120.033338.  


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