Bifurcações coronarianas: CRM ou ATC: mortalidade em seguimento de 10 anos do estudo SYNTAX

O tratamento percutâneo das lesões coronarianas com comprometimento das bifurcações tem aumentado nas últimas décadas. A ATC, em tais casos, está associada com um aumento da taxa de eventos adversos em pacientes com doença de múltiplos vasos e lesão do tronco da coronária esquerda. 

Bifurcaciones coronarias: ¿CRM o ATC? Mortalidad a 10 años del estudio SYNTAX

Para avaliar que tratamento é mais recomendável para esses pacientes utiliza-se o SYNTAX score, que é um preditor de mortalidade total. Ainda não há suficiente informação sobre os resultados do tratamento com ATC ou CRM a muito longo prazo. 

Também devemos ressaltar que é escassa a informação sobre o impacto que apresenta uma lesão em bifurcação no momento de tomar uma decisão. 

O objetivo deste subestudo do SYNTAX (randomizado e multicêntrico) foi pesquisar o impacto das lesões com comprometimento de bifurcação na mortalidade total em 10 anos em pacientes com doença de múltiplos vasos (3VD) ou doença do tronco da coronária esquerda (LMCAD) que foram submetidos a CRM ou ATC. O desfecho primário (DP) foi mortalidade por todas as causas em 10 anos. 

Dos 1800 pacientes incluídos no estudo SYNTAX, 1787 foram incluídos nesta análise. Os pacientes foram divididos em 4 grupos: 1) lesão ≥ 1 bifurcação e tratamento com ATC; 2) lesão não bifurcação e tratamento com ATC; 3) lesão ≥ 1 bifurcação e tratamento com CRM; 4) lesão em não bifurcação e tratamento com CRM. 

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A idade média foi de 65 anos e a maioria dos pacientes eram homens. A função ventricular era > 55% em todos os pacientes. A forma de apresentação clínica mais frequente foi angina crônica estável. O tipo de doença coronariana mais encontrado foi comprometimento dos 3 vasos (sem comprometimento do tronco da coronária esquerda). 

A presença de uma lesão em bifurcação esteve associada a maiores taxas de morte, AVC ou IAM em 5 anos nos pacientes que eram submetidos a ATC ou a CRM. No braço de ATC, o risco de repetir revascularização em 5 anos foi significativamente maior naqueles pacientes com lesões em bifurcações, ao passo que não houve diferenças significativas nos pacientes no braço CRM. 

Em 10 anos, a presença de ≥ 1 lesão em bifurcação foi um preditor independente de mortalidade por todas as causas nos pacientes com ATC, mas a mortalidade após a CRM foi similar em ambos os grupos (com ou sem bifurcação). 

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A técnica utilizada para realizar a ATC teve um impacto no seguimento a longo prazo, a técnica de 2 stents foi um preditor independente de mortalidade em 10 anos, ao passo que não houve diferenças significativas entre a técnica de 1 stent vs. 2 stents em 5 anos. 

Conclusão

As lesões em bifurcação requerem especial atenção do Heart Team, considerando a maior mortalidade por todas as causas nos pacientes com ATC, especialmente naqueles com 3VD. É necessário que haja uma meticulosa avaliação da complexidade das bifurcações, utilizando o SYNTAX score 2020 para individualizar o prognóstico em 10 anos e ajudar na tomada de decisões. 

Dr. Andrés Rodríguez

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Predicted and Observed Mortality at 10-Years in Patients With Bifurcation Lesions in the SYNTAX Trial.

Referência: Kai Ninomiya, MD et al J Am Coll Cardiol Intv 2022.


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