Prognóstico de um ano em lesões ateroscleróticas vs. não ateroscleróticas em pacientes com MINOCA

O uso de imagens intravasculares ajuda muito a melhorar o diagnóstico em situações nas quais a angiografia coronariana convencional não proporciona conclusões definitivas. Tal é o caso dos pacientes com infarto do miocárdio sem lesões significativas (MINOCA). Na maior coorte de pacientes com MINOCA relatada, observou-se uma prevalência de entre 5% e 7%. 

Pronóstico al año en lesiones ateroscleróticas vs las no ateroscleróticas en pacientes con MINOCA

Essa patologia, inicialmente considerada benigna, apresenta uma mortalidade a longo prazo de 4,7% em média, e observou-se que em 4 anos aproximadamente 25% desses pacientes apresentou um evento cardiovascular maior (MACE). A MINOCA apresenta um amplo espectro de etiologias, como as ateroscleróticas (ruptura de placa, erosão de placa e nódulos calcificados) e as não ateroscleróticas (vasoespasmo, disfunção microvascular e dissecção coronariana espontânea). 

O objetivo deste estudo foi comparar os desfechos clínicos das causas ateroscleróticas (At-MINOCA) vs. não ateroscleróticas da MINOCA (No-At-MINOCA) em termos de MACE (morte, infarto do miocárdio, revascularização do vaso culpado, AVC, re-hospitalização) durante os 12 meses do diagnóstico de MINOCA. 

Fez-se uma análise retrospectiva de 7423 pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA), dos quais 294 apresentavam MINOCA (4% da coorte analisada). Dentre eles, 190 foram submetidos a OCT no momento do diagnóstico. Foram excluídos pacientes com miocardite, cardiomiopatias ou TEP. O desfecho primário (DP) foi a presença de MACE no seguimento de 12 meses. 

A idade média foi de 55 anos, 25,3% dos pacientes eram do sexo feminino e 13,7% apresentavam diabete. A maioria dos pacientes analisados tinham SCA com elevação do ST (62,1%) e a artéria envolvida mais frequentemente foi a descendente anterior (64,7%). Ao realizar uma análise de perfusão miocárdica segundo quadros TIMI (TMPFC), observou-se ≥ 90 quadros, sobretudo nos pacientes sem doença aterosclerótica (maior disfunção microvascular). 

Dentre os At-MINOCA (52,1% da coorte analisada) observou-se erosão de placa em 33,7%, ruptura de placa em 17,4% e nódulos calcificados em 1,1%, ao passo que no grupo No-At-MINOCA evidenciou-se dissecção coronariana espontânea em 4,2%, espasmos coronarianos em 4,7% e causas não classificadas em 38,9%. Em 86% dos pacientes com aterosclerose observou-se trombo, sobretudo trombos brancos (62,1%). 

Leia também: AHA 2020 | Em grande parte as imagens encontram a causa da MINOCA.

Em comparação com os pacientes No-At-MINOCA, os pacientes com aterosclerose apresentaram um pior desfecho clínico, com maior incidência de MACE (15,3% VS. 4,5%; p = 0,03) e mais re-hospitalização por progressão de angina (6,1% vs. 0%; p = 0,030), sem terem sido observadas diferenças em termos de mortalidade. 

A etiologia aterosclerótica foi um preditor independente de DP ao realizar o ajuste por sensibilidade, com um HR de 5,36 (IC 1,08-26; p = 0,04).

Conclusões

Em 61,1% dos casos foi possível determinar a causa da MINOCA com o uso de OCT. A erosão de placa foi o principal diagnóstico nos pacientes ateroscleróticos. No seguimento de 1 ano, os pacientes com achados ateroscleróticos (majoritariamente do sexo masculino e fumantes) apresentaram mais eventos significativos (HR 5,36), principalmente devido a revascularização e internações por progressão anginosa. 

Dr. Omar Tupayachi

Dr. Omar Tupayachi.
Membro do conselho editorial da SOLACI.org.

Título Original: Clinical Characteristics and Prognosis of MINOCA Caused by Atherosclerotic and Nonatherosclerotic Mechanisms Assessed by OCT.

Referência: Ming Zeng, Chen Zhao, Xiaoyi Bao, Minghao Liu, Luping He, Yishuo Xu, Wei Meng, Yuhan Qin, Ziqian Weng, Boling Yi, Dirui Zhang, Shengfang Wang, Xing Luo, Ying Lv, Xi Chen, Qianhui Sun, Xue Feng, Zhanqun Gao, Yanli Sun, Abigail Demuyakor, Ji Li, Sining Hu, Giulio Guagliumi, Gary S. Mintz, Haibo Jia, Bo Yu, Clinical Characteristics and Prognosis of MINOCA Caused by Atherosclerotic and Nonatherosclerotic Mechanisms Assessed by OCT, JACC: Cardiovascular Imaging, 2022.


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