Há diferenças em termos de resultados clínicos entre a insuficiência renal transitória e persistente nos pacientes com síndrome coronariana aguda após uma estratégia invasiva?

A insuficiência renal aguda (IRA) após uma ATC está associada a uma estadia intra-hospitalar prolongada e a pior prognóstico no seguimento. No entanto, o incremento dos valores da creatina sérica pode ser transitório ou permanente. Na atualidade há evidência de estudos retrospectivos que demonstram que os pacientes com IRA transitória apresentam uma taxa de sobrevida similar à dos pacientes sem IRA. A diferença entre IRA transitória e persistente nos resultados clínicos continua sendo uma incógnita. 

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O objetivo deste subestudo foi avaliar os preditores e o prognóstico da IRA transitória vs. persistente em pacientes com síndrome coronariana aguda que foram randomizados a estratégia invasiva no estudo multicêntrico MATRIX (Minimizing Adverse Hemorrhagic Events by Transradial Access Site and Systemic Implementation of Angiox).

O desfecho primário (DP) foi MACE (eventos adversos cardiovasculares maiores) em 30 dias, definido como morte por todas as causas, IAM, acidente vascular cerebral, sangramento maior tipo BARC III ou V e NACE (Net Adverse Cardiovascular Events). 

O desfecho secundário (DS) incluiu os componentes do DP mais mortalidade cardiovascular, acidente isquêmico transitório e revascularização do vaso tratado. Além disso, foram incluídos no DS eventos isquêmicos e sangramento no seguimento de 1 ano. 

Da análise de 8201 pacientes, registrou-se ocorrência de IRA em 16,3% dos pacientes. Dentre eles, 7,2% apresentaram IRA transitória e 9,1% persistente. Os pacientes com IRA persistente eram mais idosos e em sua maioria mulheres. 

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Na comparação com os pacientes sem IRA, aqueles que apresentavam IRA persistente estiveram associados com uma maior taxa de MACE em 30 dias (p < 0,001) e em 1 ano (p < 0,001). Do mesmo modo, estes últimos se vincularam com maior taxa de mortalidade cardiovascular e sangramento tipo BARC III ou V em 30 dias (p < 0,001) e em 1 ano (p < 0,001). 

Em relação à IRA transitória não houve diferenças em termos de DP ou DS em 30 dias mas, sim, observou-se diferença estatisticamente significativa em 1 ano no que se refere à MACE (p = 0,019) e mortalidade por todas as causas e cardiovascular (p = 0,011).

Depois de levar a cabo uma análise multivariada, os pacientes com IRA persistente em comparação com os pacientes sem IRA apresentaram maior taxa de MACE (P < 0,001) e mortalidade por todas as causas (p < 0,001) em 30 dias, ao passo que dita diferença não foi observada depois de feito o ajuste nos pacientes com IRA transitória. 

Conclusão

Os pacientes com IRA persistente apresentaram maior taxa de MACE e NACE em 30 duas sempre que tivessem tido uma síndrome coronariana aguda tendo realizado tratamento invasivo. No entanto, dita diferença não foi observada nos pacientes com IRA transitória. 

Dr. Andrés Rodríguez

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Transient vs In-Hospital Persistent Acute Kidney Injury in Patients With Acute Coronary Syndrome.

Referência: Antonio Landi, MD et al J Am Coll Cardiol Intv 2022.


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