Existem, atualmente, vários estudos randomizados que comparam a angioplastia coronariana (ATC) vs. a cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) para tratar a doença do tronco da coronária esquerda (TCE).
As diretrizes de revascularização da Sociedade Europeia de Cardiologia colocam a ATC como indicação Ia (TCE com doença coronariana de baixa complexidade) e IIa (quando a complexidade é intermediária), ao passo que a Sociedade Americana o classifica como evidência IIa (quando a revascularização mediante ATC equivale à CRM). Apesar da evidência e das recomendações, o tratamento de TCE é controverso. Além disso, há escassos dados sobre estudos observacionais do mundo real que compare as duas intervenções (ATC vs. CRM).
O objetivo deste estudo retrospectivo foi comparar os resultados a longo prazo da CRM vs. ATC em pacientes com doença de TCE.
O desfecho primário (DP) foi mortalidade por todas as causas. O desfecho secundário (DS) incluiu eventos adversos maiores cardíacos e cerebrovasculares (MACCE), uma combinação de morte por todas as causas, nova hospitalização por IAM, acidente vascular cerebral e nova revascularização. Também houve um desfecho de segurança que foi a mortalidade em 30 dias, definida como morte intra-hospitalar ou até 30 dias após o procedimento de revascularização.
Entre 2008 e 2020 foram incluídos 2526 pacientes no grupo ATC e 21.287 no grupo CRM. Depois de realizar um propensity score matching (PSM) para homogeneizar os grupos, foram analisados 1128 pacientes em cada um. Antes do PSM, os pacientes do grupo ATC eram mais idosos e havia maior proporção de mulheres. No entanto, apresentaram menor quantidade de doença coronariana. No que se refere aos resultados de curto prazo, não houve diferenças significativas em relação à morte intra-hospitalar (p = 0,913), morte precoce (p = 0,0750) e acidente vascular cerebral (p = 0,201). Contudo, o grupo ATC apresentou maior taxa de IAM (p = 0,007).
Quanto aos resultados do seguimento de 7 anos, a sobrevida foi de 46% para o grupo de ATC e de 64% para o grupo de cirurgia (p < 0,0001). A incidência acumulada de IAM foi maior no grupo ATC vs. cirurgia (p < 0,0001) e a necessidade de repetir a revascularização foi mais frequente no grupo ATC (p < 0,0001). Já a incidência de AVC foi mais baixa no grupo ATC do que no grupo cirurgia (p < 0,001).
Conclusão
A CRM está associada a melhores resultados a longo prazo em comparação com a ATC em pacientes com doença de TCE. Estes resultados sugerem que a CRM deveria ser a estratégia de revascularização preferida nos pacientes que são bons candidatos para revascularização cirúrgica.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Real-World Examination of Revascularization Strategies for Left Main Coronary Disease in Ontario, Canada.
Referência: Derrick Y. Tam, MD et al J Am Coll Cardiol Intv 2023.
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