A utilização do fluxo fracionado de reserva (FFR) e dos índices de pressão não hiperêmicos (NHPRs) se tornaram fundamentais para a revascularização de pacientes com lesões coronarianas intermediárias.
Recentemente, foi demonstrada uma correlação linear inversa entre o uso da fisiologia pós-ATC e os eventos cardiovasculares no seguimento. No entanto, por enquanto sua adoção é limitada devido à ampla variedade de algoritmos utilizados nos estudos avaliativos, alguns baseados na otimização segundo o operador ou a medição de gradientes segmentares. Este último ponto tem sido objeto de debate e carece de validação em estudos prospectivos.
O objetivo desta subanálise do Estudo FFR REACT (FFR-guided PCI Optimization Directed by High-Definition IVUS Versus Standard of Care) foi avaliar a performance diagnóstica dos gradientes FFR pós-PCI segmentários, dos gradientes do índice de pressão coronariana distal/pressão aórtica (Pd/Pa), e dos gradientes do índice de pressão diastólica (dPR) para determinar a doença residual detectada por IVUS (lesões focais proximais ou distais ao stent, bem como stent subexpandido).
Nesta análise foram incluídos pacientes que tinham sido submetidos a uma ATC bem-sucedida e apresentavam um valor de FFR pós-ATC inferior a 0,90. Foram realizadas medições de FFR, índice de pressão coronariana distal/pressão aórtica (Pd/Pa) e pullback de ultrassonografia intravascular (IVUS).
Foram analisados 139 vasos de um total de 132 pacientes. A idade média foi de 66 anos e a maioria da população estava composta por homens. O vaso mais frequentemente analisado foi a artéria descendente anterior em (72% dos casos), seguido da coronária direita (16,5% dos casos). As lesões mais comuns foram de tipo B2/C. A média de FFR pós-ATC foi de 0,83 ± 0,05. Foram detectadas lesões focais distais por IVUS em 17,4% dos casos, lesões proximais por IVUS em 12,6% e observou-se subexpansão do stent. A capacidade diagnóstica do gradiente FFR para predizer lesões distais e proximais detectadas por IVUS foi de moderada a boa, com uma área abaixo da curva (AUC) de 0,69 e 0,84, respectivamente. Por outro lado, tanto o Pd/Pa do segmento quanto o gradiente dPR mostraram uma habilidade diagnóstica de pobre a moderada, com um AUC de 0,58 a 0,69. O gradiente intrastent não teve a capacidade de discriminar a subexpansão do stent (AUC do FFR: 0,52, AUC do Pd/Pa: 0,54 e AUC do dPR: 0,55).
Conclusão
O gradiente de pressão segmentário pós-ATC para a avaliação funcional mediante NHPR apresenta uma habilidade diagnóstica de pobre a moderada, ao passo que o FFR mostra uma habilidade de moderada a boa para detectar lesões residuais focais detectadas por IVUS em vasos com ATC bem-sucedida e FFR pós-ATC < 0,90. No que se refere ao gradiente intrastent, este não pode distinguir entre um stent bem expandido e um subexpandido, motivo pelo qual se recomenda o pullback de pressão com precaução como guia para a otimização pós-ATC.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Validation of Segmental Post-PCI Physiological Gradients With IVUS-Detected Focal Lesions and Stent Underexpansion.
Referência: Tara Neleman, BSC et al J Am Coll Cardiol Intv 2023.
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