Quão úteis são os sistemas de proteção cerebral no TAVI?

Durante o procedimento de TAVI, o AVC se posiciona como uma complicação temida, manifestando-se em aproximadamente entre 1% e 2% dos casos. Geralmente dito fenômeno surge devido a embolias originadas por placas ateroscleróticas ou calcificações, dependendo da casuística. Embora sua incidência tenha decrescido com os avanços e com a maior experiência dos operadores, o AVC continua se configurando como um desafio a ser abordado.

¿Cuán útiles son los sistemas de protección cerebral en el TAVI?

Com o propósito de enfrentar tal problemática, diversos sistemas de proteção cerebral (SPC) foram desenhados. No entanto, os estudos, randomizados ou não, oferecem resultados divergentes no tocante às complicações graves associadas. 

Esta metanálise incorporou 8 estudos randomizados, abarcando 4043 pacientes, dentre os quais 53,8% (2175) foram submetidos a TAVI com SPC. O desfecho primário (DP) avaliado foi o risco de AVC. 

Entre os SPC empregados encontra-se o Sentinel, da Boston Scientific, o Montage, da Claret Medical, o TriGUARD, da Keystone Heart e o EMBOL-X, da Edwards Lifesciences. 

Não foram identificadas diferenças significativas no DP (risco relativo [RR], 0,88; IC de 95%, 0,65-1,18; p = 0,39; I2 = 0%). Tampouco foram observadas diferenças em temos de AVC incapacitante (RR, 0,67; IC de 95%, 0,31-1,46; p = 0,32; I2 = 8,6%) nem não incapacitante (RR, 0,99; IC de 95%, 0,71-1,40; p = 0,97; I2 = 0%), de mortalidade por qualquer causa (RR, 0,87; IC de 95%, 0,43-1,78; p = 0,71; I2 = 2,3%), sangramento, complicações vasculares ou de injúria renal. 

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Na ressonância magnética não foram evidenciadas diferenças significativas no volume total das lesões nem no número de lesões isquêmicas. 

O SPC Sentinel, diferentemente dos outros dispositivos utilizados, conseguiu reduzir os AVC incapacitantes (RR, 0,42; IC de 95%, 0,20-0,88; p = 0,022; I2 = 0%), embora não tenham sido registradas diferenças no total de AVC não incapacitantes nem na mortalidade por qualquer causa. 

Conclusão

Os dados compilados de estudos randomizados com sistemas de proteção cerebral não revelaram problemas de segurança nos desfechos clínicos nem na neuroimagem. As análises específicas do sistema Sentinel evidenciaram uma redução significativa nos AVC incapacitantes. A validação dos resultados aqui apresentados poderia ser proveniente de estudos randomizados em andamento. 

Dr. Carlos Fava - Consejo Editorial SOLACI

Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Cerebral Embolic Protection Devices During Transcatheter Aortic Valve Replacement: A Meta-analysis of Randomized Controlled Trials.

Referência: Rohin K. Reddy, et al. JSCAI https://doi.org/10.1016/j.jscai.2023.101031.


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