Uma lesão igual ou superior a 50% no tronco da coronária esquerda (TCE) é considerada severa de acordo com diversas sociedades científicas, independentemente da presença de sintomas ou isquemia pela magnitude de miocárdio em risco, sendo indicada em tais casos a revascularização.
Em muitos pacientes, as lesões em dito setor da árvore coronariana apresentam calcificações severas, o que torna mais difícil a ATC complexa, com uma expansão inadequada do stent, aumentando o risco de reestenose e de uma evolução desfavorável.
Embora a aterectomia rotacional seja complexa e possa se associar a complicações, a litotripcia (IVL) demonstrou ser útil. Há, no entanto, escassa informação disponível sobre esta tecnologia no que diz respeito ao TCE.
Foi realizada uma análise retrospectiva de 184 pacientes com lesões severamente calcificadas de TCE que receberam ATC do TCE com IVL.
A idade média da população foi de 76 anos, sendo 69,4% composta por homens. 91% apresentava hipertensão, 46% diabetes, 45% deterioração da função renal, 6% diálise, 35% doença vascular periférica, 23% DPOC, 17% AVC, 42% insuficiência cardíaca. 33% tinham sido submetidos a uma cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) prévia. A fração de ejeção foi de 49%.
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A apresentação clínica mais frequente foi a síndrome coronariana aguda (43,4%), seguida das síndromes coronarianas estáveis (34,6%) e em menor frequência, das anginas instáveis.
A localização da lesão no TCE foi mais comum no nível distal, com comprometimento das bifurcações. Segundo a Classificação de Medina, a disposição das lesões na bifurcação foi 1.1.1 (mais frequente), seguida de 1.1.0 e em menor medida de 0.1.1 e 0.1.0.
A pré-dilatação foi realizada em 83% dos casos e em 18% foi necessário recorrer à aterectomia rotacional antes da IVL. A pós-dilatação depois do implante do stent foi de 76%. A área luminal mínima aumentou significativamente ao finalizar o procedimento (4,1 ± 1,3 vs. 9,3 ± 2,5 mm2, p < 0,001).
Em 30 dias, a taxa de MACE foi de 8,8%, a de morte foi de 7,2% e a de infarto foi de 3,3%, sendo que nenhum paciente apresentou TVR.
Os preditores de MACE foram o infarto com ou sem supradesnivelamento do ST, a insuficiência cardíaca e o DPOC.
Conclusão
A angioplastia de lesões calcificadas assistida com litotripcia foi segura e apresentou uma alta taxa de sucesso técnico, confirmando sua utilidade como tratamento efetivo dessas lesões desafiadoras.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Retrospective Multicenter Analysis of Intravascular Lithotripsy Use During Calcified Left Main Coronary Artery Percutaneous Coronary Interventions.
Referência: Robert F. Riley, et al. Journal of the Society for Cardiovascular Angiography & Interventions 3 (2024) 101213 https://doi.org/10.1016/j.jscai.2023.101213.
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