Resultados do seguimento de 3 anos da terapia Valve-in-Valve mitral com válvulas balão-expansíveis nos Estados Unidos

Gentileza do Dr. Juan Manuel Pérez.

O implante mitral valve-in-valve (MViV) com válvulas balão-expansíveis se consolidou como uma alternativa para pacientes com biopróteses mitrais degeneradas; contudo, a evidência sobre seus resultados a médio e longo prozo continua sendo limitada. Este estudo avaliou a sobrevivência, os eventos cerebrovasculares e a necessidade de reintervenção mitral em três anos em pacientes submetidos a MViV nos Estados Unidos. 

terapia Valve-in-Valve mitral

Entre junho de 2015 e março de 2024 foram incluídos 5971 pacientes (idade média de 72,9 ± 11,4 anos; 57,9 % mulheres). Todas as intervenções foram feitas por via transeptal com as válvulas SAPIEN 3 (64,9%), SAPIEN 3 Ultra (23,5%) ou UltraRESILIA (11,6%), em tamanhos de 29 mm (51,1%), 26 mm (42,3%), 23 mm (6,6%) e 20 mm (0,1%). 75,7% apresentavam estenose mitral moderada ou maior e 53,2% insuficiência mitral moderada ou maior, observando-se com frequência disfunção mista. 

A área valvar mitral foi de 1,1 cm² (RIC: 0,8–1,7), o gradiente médio foi de 13,1 ± 6,2 mmHg e a FEVE média foi de 55,1 ± 11,7%. Conforme o escore STS, 23,5% dos pacientes foram classificados em risco baixo (< 4), 35,1% em risco intermediário (4-8) e 41,5% em alto (> 8). O seguimento médio foi de 377 dias (RIC 57–698). O objetivo primário foi a mortalidade por qualquer causa em três anos; os secundários incluíram AVC, reintervenção mitral, classe funciona NYHA e qualidade de vida (KCCQ). 

A mortalidade global em três anos foi de 31,9%, com diferenças significativas segundo o risco STS: 15,8% em risco baixo, 23,3% em riso intermediário e 44,5% em risco alto (p < 0,0001). As taxas de AVC foram de 7,6%, 8,4% e 11,4%, respectivamente (p = 0,002 entre risco baixo e alto), ao passo que as reintervenções foram pouco frequentes em todos os grupos (3,8%, 3,0% e 2,8%; p = 0,71). 

Leia também: Tratamento borda a borda no choque cardiogênico.

Os procedimentos eletivos se associaram com menor índice de mortalidade em três anos em comparação com os não eletivos (28,2% vs. 43,3 %; p < 0,0001). A necessidade de diálise, a presença de choque cardiogênico e o estado de imunocomprometimento na admissão foram os preditores mais potentes de mortalidade em três anos. A proporção de pacientes em classe funcional NYHA III/IV se reduziu de 81,3% a 13,7% em um ano; o escore KCCQ melhorou em uma mediana de 40 pontos sem diferenças relevantes entre os grupos de risco. 

Conclusão

Em conclusão, a estratégia valve-in-valve mitral com válvulas balão-expansíveis demonstra uma boa durabilidade clínica em três anos, com baixas taxas de reintervenção e melhoras sustentadas na qualidade de vida. A sobrevivência foi maior em pacientes com escore STS baixo e em procedimentos eletivos. Ao contrário, as intervenções não eletivas e os pacientes com insuficiência cardíaca avançada e disfunção multiorgânica apresentaram mortalidade mais elevada, o que demonstra a importância da detecção e intervenção precoces. As taxas de reintervenção em três anos se mantiveram baixas, independentemente do escore STS. 

Título Original: 3-Year Outcomes of Mitral Valve-in-Valve Therapy Using Balloon-Expandable Transcatheter Valves in the United States.

Referência: Eleid MF, Krishnaswamy A, Kapadia S, et al. JACC: Cardiovascular Interventions, Volumen 18, pp. 1454–1466, 2025.


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