Os pacientes com estenose aórtica severa sintomática de baixo gradiente e baixo fluxo associada a um deterioro severo da função sistólica do ventrículo esquerdo mostram um resultado aceitável com o implante percutâneo da valva aórtica (TAVI), conforme o registro multicêntrico TOPAS-TAVI, no qual se demonstrou uma mortalidade relativamente baixa em 30 dias.
Considerando o altíssimo risco dessa população, alcançar uma mortalidade de 4,3% em 30 dias e de 19,6% em um ano parece bastante razoável.
A maioria (50-70%) de pacientes com estenose aórtica severa apresentavam uma função sistólica do ventrículo esquerdo normal, também associada a um fluxo normal e um gradiente baixo. Uma porcentagem menor (10-25%) apresenta paradoxalmente baixo fluxo e baixo gradiente com uma função sistólica normal. Por último, existe uma minoria de 5 a 10% que se apresenta com o clássico baixo fluxo, baixo gradiente e deterioro severo da função sistólica.
Esse último grupo corre um altíssimo risco. Sem tratamento, apresenta uma mortalidade de entre 50 e 60% em três anos, que pode ser ainda maior se não mostrar reserva contrátil no ecocardiograma sob estresse com dobutamina.
O registro TOPAS-TAVI incluiu 276 pacientes de 14 centros com estenose aórtica sintomática associada a uma fração de ejeção de 40% ou menor, uma área valvar aórtica de 1 cm2 ou menor e menos de 35 mmHg de gradiente médio.
A média de EuroSCORE 2 foi de 13% e o STS Prom de 10,3%, o que representa um risco comparável ao grupo inoperável do PARTNER 1.
O ecocardiograma basal da população mostrou uma função de ejeção média de 29,9%, um gradiente médio de 25,5 mmHg e uma área valvar média de 0,75 cm2. Dos pacientes que foram submetidos a um ecocardiograma sob estresse com dobutamina, somente 45,2% tinha reserva contrátil definida como um aumento de pelo menos 20% do volume sistólico.
A maioria dos pacientes recebeu a valva balão expansível (Edwards Lifesciences) por acesso femoral.
Em 30 dias, foi observada uma mortalidade de 4,3%, necessidade de marca-passo definitivo de 4%, complicações vasculares maiores de 4,7% e sangramento maior de 6,5%.
Não houve diferenças em mortalidade em um ano entre os pacientes com reserva contrátil e aqueles sem reserva contrátil. A análise multivariada confirmou que a presença de reserva contrátil não é preditor de nenhum tipo de eventos.
Em um ano, 70% da população mostrou algum tipo de melhora da função sistólica do ventrículo esquerdo e dita melhora não pôde ser predita pela existência ou não de reserva contrátil.
Título original: Transcatheter aortic valve implantation in patients with low-flow, low-gradient aortic stenosis: the prospective multicenter TOPAS-TAVI study.
Referência: Ribeiro HB et al. TCT 2016. Washington, DC.
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