O objetivo deste trabalho foi avaliar todas as possíveis estratégias de revascularização nos pacientes que são admitidos cursando um infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST e lesão de múltiplos vasos.
Encontram-se, dentre as estratégias possíveis para esse grupo de pacientes, as seguintes:
- A angioplastia unicamente do vaso responsável pelo infarto (vaso culpado);
- A angioplastia do vaso culpado e, caso a mesma tenha sido bem-sucedida, continuar com o mesmo procedimento em outros vasos;
- Realizar angioplastia do vaso culpado e em etapas posteriores seguir com o mesmo procedimento em outros vasos, mas dentro da mesma internação.
Essas três estratégias possíveis foram comparadas em 6.503 pacientes que foram admitidos cursando um infarto agudo do miocárdio, tinham doença de múltiplos vasos e foram incluídos no registro da Colúmbia Britânica entre 2008 e 2014. Foram avaliadas a mortalidade por qualquer causa e a taxa de revascularização repetida em 2 anos.
Tanto a angioplastia unicamente do vaso culpado (HR: 0,78; IC 95%: 0,64 a 0,97; p = 0,023) como a angioplastia em etapas (HR: 0,55; IC 95%: 0,36 a 0,82; p = 0,004) mostraram uma menor mortalidade ao serem comparadas com a estratégia de angioplastia em múltiplos vasos no mesmo procedimento.
A angioplastia unicamente do vaso culpado mostrou uma taxa maior de revascularização repetida ao ser comparada com a angioplastia em múltiplos vasos (HR: 1,25; IC 95%: 1,02 a 1,54; p = 0,036) com posterior angioplastia em etapas (HR: 0,64; IC 95%: 0,46 a 0,90; p = 0,012).
Conclusão
Em pacientes que são admitidos cursando um infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST e apresentam lesões de múltiplos vasos, a angioplastia do vaso culpado como um primeiro passo seguida da angioplastia em etapas no resto dos vasos na mesma internação mostrou ser a estratégia com menor mortalidade e menor taxa de revascularização repetida. Ditos achados garantem uma avaliação prospectiva em trabalhos randomizados com adequado poder estatístico.
Comentário editorial
As duas estratégias de angioplastia do vaso culpado (sejam posteriormente tratadas as outras lesões ou não) se associaram a menor mortalidade em comparação com a angioplastia de múltiplos vasos no mesmo procedimento da angioplastia primária, quando as artérias não culpadas foram a coronariana direita e a circunflexa.
A revascularização da artéria descendente anterior não culpada no mesmo procedimento da angioplastia primária sim foi benéfica.
Título original: Culprit Vessel Versus Multivessel Versus In-Hospital Staged Intervention for Patients With ST-Segment Elevation Myocardial Infarction and Multivessel Disease. Stratified Analyses in High-Risk Patient Groups and Anatomic Subsets of Nonculprit Disease.
Referência: M. Bilal Iqbal et al. J Am Coll Cardiol Intv 2017;10:11–23.
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