Combinar os níveis de peptídeo natriurético (BNP) e troponina ultrassensível ajuda claramente a melhorar a estratificação dos pacientes com estenose aórtica severa com baixo fluxo e baixo gradiente. Muitos dos pacientes em tais condições se beneficiam palpavelmente do procedimento e em outros o mesmo é simplesmente inútil, motivo pelo qual, devido aos custos do implante percutâneo valvar aórtico (TAVI), uma melhor estratificação pode ser de muita utilidade.
Já sabíamos que um BNP elevado se associa a um incremento da mortalidade nos pacientes com estenose aórtica severa (especialmente naqueles com baixo fluxo e baixo gradiente), mas ainda não tinha sido avaliado o valor agregado da troponina ultrassensível em ditos pacientes.
Foram incluídos 98 pacientes (74 ± 10 anos; 75% homens) com estenose aórtica severa, baixo fluxo e baixo gradiente (fração de ejeção < 50% e/ou volume sistólico indexado < 35 ml/m², gradiente médio < 40 mmHg, área valvar indexada < 0,6 cm²/m²), que tinham sido incluídos prospectivamente no estudo TOPAS (Truly or Pseudo-Severe Aortic Stenosis).
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Os pacientes foram divididos em três grupos de acordo com os níveis de ambos os marcadores: grupo A, com BNP < 550 pg/ml e troponina < 15 ng/ml; grupo B, com BNP ≥ 550 pg/ml ou troponina ≥ 15 ng/ml e o grupo C, com ambos os marcadores elevados (BNP ≥ 550 pg/ml e troponina ≥ 15 ng/ml).
O desfecho primário foi a mortalidade por qualquer causa.
Vinte e sete por cento dos pacientes ficaram enquadrados no grupo A, 40% no grupo B e 33% no grupo C. A mortalidade em dois anos foi significativamente maior no grupo C (41 ± 9%) que no grupo B (23 ± 7%) e no grupo A (5 ± 4%), (p < 0,002 para todas as comparações).
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O grupo B não mostrou diferenças significativas em mortalidade, não importando se o paciente estava nesse grupo pelo valor elevado de BNP ou pelo valor elevado de troponina.
Depois do ajuste por idade, tipo de tratamento (implante valvar ou tratamento conservador), doença coronariana associada ou fração de ejeção, o grupo C continuou sendo um preditor independente de mortalidade (mais de 4 vezes superior; p = 0,023). O grupo B mostrou uma tendência a maior mortalidade com relação ao grupo A, embora sem alcançar significância estatística.
Conclusão
Este estudo demonstra a utilidade de combinar o BNP e a troponina para estratificar muito claramente esses pacientes que há bem pouco tempo eram considerados similares. A elevação de ambos os marcadores no contexto de estenose aórtica severa com baixo fluxo e baixo gradiente poderia determinar a futilidade da substituição valvar aórtica.
Título original: B-Type Natriuretic Peptide and High-Sensitivity Cardiac Troponin for Risk Stratification in Low-Flow, Low-Gradient Aortic Stenosis. A Substudy of the TOPAS Study.
Referência: Abdellaziz Dahou et al. J Am Coll Cardiol Img 2018, Article in press.
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