Nesta grande população de um registro multicêntrico o FFR derivado da tomografia modificou a recomendação de tratamento em dois terços dos pacientes em comparação com somente a angiografia por tomografia e esteve associado a muito menos angiografias invasivas negativas. Por outro lado, também previu a revascularização e identificou os pacientes de baixo risco.
Poder conhecer de maneira não invasiva a anatomia e a função dos pacientes com angina crônica estável poderia diminuir as angiografias invasivas (principalmente aquelas que finalmente detectam coronárias normais).
O ADVANCE é um grande registro multicêntrico e prospectivo que avaliou a angiografia coronariana por tomografia e o fluxo fracionado de reserva derivado da tomografia (FFRct) em pacientes da vida real. Seu objetivo foi determinar o impacto deste esquema diagnóstico na tomada de decisões, a necessidade consecutiva de coronariografia invasiva, de revascularização e eventos cardiovasculares maiores.
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Foram incluídos um total de 5.083 pacientes com sintomas compatíveis com cardiopatia isquêmica crônica e aterosclerose na angiografia por tomografia convencional em 38 centros internacionais entre 2015 e 2017.
O desfecho primário foi a reclassificação entre a decisão do core lab com somente angiografia vs. quando além da angiografia contava com o FFRct.
Quando se somou a informação do FFRct, esta reclassificação mudou a decisão inicial em 66,9% dos casos.
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Na angiografia invasiva convencional observou-se doença coronariana não significativa em somente 14,4% dos pacientes que apresentaram FFRct ≤ 0,8 contra 43,8% dos que tiveram FFRct ≥ 0,8 (p < 0,0001).
72,3% dos pacientes que chegaram a submeter-se a uma coronariografia invasiva convencional por apresentarem um FFRct ≤ 0,8 foram revascularizados.
Não foram observadas mortes ou infartos dentro dos 90 dias nos pacientes com FFRct > 0,8.
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Há 10 anos a angiografia por tomografia prometia substituir a angiografia convencional invasiva (os especialistas vaticinavam que a sala de hemodinâmica seria usada somente para as angioplastias).
Durante estes 10 anos a avaliação funcional invasiva das lesões (FFR e iFR) se consolidou como o gold standard e a tomografia não podia ficar atrás, surgindo assim o FFRct. Uma vez mais os especialistas em tomografia prometem que em 10 anos já não serão necessárias as coronariografias invasivas. Provavelmente a resposta venha de mãos dadas com os custos dos equipamentos e do software para realizar FFRct, ainda que, sem sombra de dúvida, em algum momento a tomografia substituirá os estudos diagnósticos.
Título original: Real-world clinical utility and impact on clinical decision-making of coronary computed tomography angiography-derived fractional flow reserve: lessons from the ADVANCE Registry.
Referência: Timothy A. Fairbairn et al. European Heart Journal (2018) 39, 3701–3711.
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