Os cirurgiões vasculares do futuro na era endovascular

O tratamento de reparação endovascular de um aneurisma de aorta abdominal infrarrenal (EVAR) tem se difundido amplamente graças a uma abordagem minimamente invasiva, uma rápida recuperação e uma melhor sobrevida a curto prazo. Aproximadamente 60% dos aneurismas de aorta abdominal infrarreal (AAA) na Europa e 85% nos Estados Unidos são tratados com EVAR.

Tasa de stroke post cirugía vs angioplastia coronaria en un análisis de más de 10.000 pacientesHá uma década pensávamos que muito poucos pacientes recebiam cirurgia aberta. No entanto, hoje vemos que – embora o EVAR seja um procedimento seguro e durável – ao ajustarmo-nos estritamente às recomendações dos fabricantes, entre 30% e 50% dos pacientes não cumprem todos os critérios. Por esse motivo, em até a metade dos casos a cirurgia aberta seria uma melhor opção.

 

A cirurgia aberta, gostemos ou não, deve continuar sendo uma opção e devemos continuar formando cirurgiões vasculares capazes de realizá-la. Globalmente, no entanto, o volume de intervenções não é suficiente para que os profissionais consigam as suficientes “horas de voo”. A expansão do EVAR e a queda na incidência do AAA tem feito com que só sejam tratados com cirurgia aberta os casos que não são anatomicamente adequados para EVAR, sendo estes, portanto, os casos mais desafiantes e menos adequados para a realização de uma curva de aprendizagem.


Leia também: Em diabéticos com doença de múltiplos vasos não é necessário calcular o SYNTAX para decidir a estratégia.


Uma enquete realizada no Reino Unido mostrou que somente 5% dos cirurgiões vasculares em treinamento realizava mais de 15 procedimentos e, o que é mais preocupante ainda, 50% realizava menos de 5 procedimentos por ano. Se seguirmos dita tendência, em 2020, os fellows vão completar seu treinamento em cirurgia vascular com um máximo de 3 aneurismas operados.

 

A tecnologia tem tido um papel importante e as técnicas endovasculares são particularmente adaptáveis a um treinamento com simuladores oferecendo um nível de habilidade razoável aos operadores antes de estes estrearem com o primeiro paciente. O anteriormente dito é muito mais difícil com a cirurgia aberta, frente às quais somente as práticas cadavéricas e em animais podem oferecer algo de habilidades prévias fora da sala de cirurgia de verdade.


Leia também: O by-pass infrapatelar apresenta resultado diferente após uma tentativa endovascular.


Os cirurgiões com aptidões e interesse em treinar-se em cirurgia aberta deveriam estar concentrados em centros de alto volume para evita a dispersão e a escassa experiência que em última instância se traduzirá em maus resultados para os pacientes.

 

Título original: How Can We Ensure Vascular Surgical Trainees Become Competent in Open Aortic Surgery in the Future Training Environment?

Referência: Eur J Vasc Endovasc Surg (2018). Article in press.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Tratamento percutâneo da valva pulmonar com válvula autoexpansível: resultados do seguimento de 3 anos

A insuficiência pulmonar (IP) é uma doença frequente em pacientes que foram submetidos a reparação cirúrgica da Tetralogia de Fallot ou outras patologias que...

Ensaio RACE: efeito da angioplastia com balão e riociguate na pós-carga e função do ventrículo direito na hipertensão pulmonar tromboembólica crônica

Embora a endarterectomia pulmonar seja o tratamento de escolha para a hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (HPTEC), até 40% dos pacientes não são candidatos elegíveis...

Principais estudos do segundo dia do ACC 2025

BHF PROTECT-TAVI (Kharbanda RK, Kennedy J, Dodd M, et al.)O maior ensaio randomizado feito em 33 centros do Reino Unido entre 2020 e 2024...

ACC 2025 | API-CAT: Anticoagulação estendida com dose reduzida vs. plena de Apixabana em pacientes com DTV associada ao câncer

O risco de recorrência da doença tromboembólica venosa (DTV) associada ao câncer diminui com o tempo, ao passo que risco de sangramento persiste. Atualmente...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Pré-tratamento com DAPT em síndromes coronarianas agudas: continua sendo um debate não resolvido?

Na síndrome coronariana aguda (SCA), a terapia antiplaquetária dual (DAPT) representa um pilar fundamental após a intervenção mediante angioplastia coronariana percutânea (PCI), ao prevenir...

Gradientes pós-TAVI e as consequências de sua mensuração: são equiparáveis a medição invasiva e a ecográfica?

O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) é considerado o tratamento de escolha em uma porcentagem significativa de pacientes com estenose aórtica sintomática. Seus...

Outro revés para o balão de contrapulsação? Um estudo randomizado sobre seu uso em insuficiência cardíaca crônica que progride para choque cardiogênico

O choque cardiogênico (CC) continua sendo uma entidade de altíssima mortalidade (aproximadamente 50%). Embora a maioria das terapias em dito contexto tenham sido estudadas...