A diabetes influi mais que a complexidade anatômica no resultado dos DES

Título original: Impact of diabetic status on outcomes after revascularization with drug-eluting stents in relation to coronary artery disease complexity. Referência: Koskinas KC et al. Circ Cardiovasc Intv. 2016; Epub ahead of print

 

Os pacientes diabéticos que recebem angioplastia com stents farmacológicos (DES) têm um maior risco de necessidade de novo tratamento que os pacientes não diabéticos. De acordo com esta nova análise, o poder desta associação não parece se modificar pelo escore Syntax ou pelo uso de novas gerações de DES.

Estes achados indicam que a diabetes por si só, e não a complexidade anatômica, justifica um resultado mais pobre nestes pacientes.

O trabalho analisou em conjunto 4 grandes trabalhos (SIRTAX, RESOLUTE All Comers, BIOSCIENCE e LEADERS) que incluíram um total de 6.081 pacientes entre 2004 e 2013. Não houve restrições a respeito do número de lesões, vasos tratados, comprimento das lesões ou número de stents implantados. Em total, 22% dos pacientes tinha o antecedente de diabetes e 75% recebeu DES de nova geração.

Os pacientes diabéticos apresentaram um escore médio de Syntax mais alto (13,9 vs. 12,9; P < 0,001) e receberam mais frequentemente angioplastia em múltiplos vasos (25% vs. 22%; P = 0,03) que a coorte não diabética.

Após o ajuste por múltiplas variáveis, a taxa de eventos combinados (desfecho primário de morte cardíaca, infarto não fatal e revascularização da lesão justificada pela clínica) foi maior para o grupo diabético (HR 1,25, IC 95% 1,03 a 1,53). O mesmo é válido para a revascularização da lesão e do vaso (HR 1,54, IC 95% 1,18 a 2,01 e HR 1,38, IC 95% 1,08 a 1,76, respectivamente).

No entanto, eventos como morte cardíaca, infarto não fatal e trombose do stent não apresentaram diferenças entre ambos os grupos.

Todos estes dados não se modificaram quando foram analisados somente os pacientes que receberam DES de nova geração (n = 4.554).

A análise multivariada não mostrou uma interação formal no que que se refere a eventos no grupo de pacientes diabéticos estratificados pelo escore Syntax. Avaliar o escore Syntax como uma variável contínua para evitar o possível elemento de confusão que seria um ponto de corte arbitrário também não mostrou interações.

Conclusão
Nesta população tratada predominantemente com stents farmacológicos de nova geração, os pacientes diabéticos apresentaram um risco aumentado de nova revascularização em todo o espectro de complexidade anatômica.

Comentário editorial
No estudo FREEDOM, o escore Syntax não foi preditor de eventos nem nos pacientes que receberam angioplastia nem nos que receberam cirurgia. O oposto se observou no estudo SYNTAX, onde os eventos foram aumentando proporcionalmente ao escore basicamente devido à maior taxa de reintervenções.

Em resumo, a diabetes continua sendo o maior determinante de reestenose na era dos novos DES, inclusive em lesões simples.

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