Primeiros resultados do ticagrelor em angioplastias coronarianas eletivas

Este é um dos primeiros trabalhos que surgem sobre o uso de ticagrelor em pacientes com coronárias estáveis que recebem angioplastias eletivas. Com poucos pacientes e desfechos leves, o estudo cumpre a função de dar algo de respaldo ao que já vinha ocorrendo na prática clínica diária. Muitos pacientes que são admitidos para uma angiografia diagnóstica e seguem imediatamente com uma angioplastia eletiva (ad hoc) recebem carga de ticagrelor na sala.

O ticagrelor já provou que tem uma eficácia superior ao clopidogrel, mas somente em pacientes que são admitidos cursando uma síndrome coronariana aguda, motivo pelo qual nada sabíamos de seu uso em pacientes estáveis.

 

Este trabalho comparou a farmacodinâmica do ticagrelor e do clopidogrel em uma população estável que já vinha recebendo aspirina e randomizou-os 1:1:1 a um regime padrão de clopidogrel vs. ticagrelor 60 mg a cada 12 horas vs. ticagrelor 90 mg a cada 12 horas (ambos os regimes de ticagrelor com 180 mg de carga). Mediu-se a captação de adenosina extracelular antes e imediatamente depois do procedimento e em um mês. A concentração de adenosina plasmática e a reatividade plaquetária foi medida nos mesmos cortes de tempo. Mediu-se a troponina ultrassensível antes e às 18 e 24 horas pós-angioplastia.


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Em total foram incluídos 162 pacientes que receberam angioplastia (idade média de 65 anos e 21% de presença de diabete). Não foi observada diferença in vitro na captação de adenosina após a carga e em um mês quando se comparou o clopidogrel com os dois regimes de ticagrelor.

 

Ambas as doses de manutenção de ticagrelor alcançaram uma inibição plaquetária mais potente e consistente que o clopidogrel (p < 0,001) e ao mesmo tempo uma reatividade plaquetária menor.


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Observou-se, entretanto, uma tendência à apresentação de maior dispneia com a dose de 90 mg a cada 12 horas que com a dose de 60 mg a cada 12 horas (19% vs. 7,1%; p = 0,09).

 

Conclusão

As doses de manutenção de ticagrelor de 60 mg e de 90 mg não tiveram um efeito detectável na captação celular de adenosina em um mês, mas ambas as doses conseguiram uma inibição plaquetária mais potente que o clopidogrel. Tal inibição mais potente não se traduziu em diferenças nos níveis de troponina ultrassensível pós-procedimento.

 

Título original: Study of Two Dose Regimens of Ticagrelor Compared with Clopidogrel in Patients Undergoing Percutaneous Coronary Intervention for Stable Coronary Artery Disease (STEEL-PCI).

Referência: Orme et al.  Circulation. 2018 Jun 21. Epub ahead of print.


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