Os estudos ASCEND e ARRIVE – apresentados no Congresso Europeu de Cardiologia e publicados no The New England Journal of Medicine (NEJM) e respectivamente no The Lancet – colocaram em questionamento a indicação de aspirina no contexto de prevenção primária.
Agora foi publicado o ASPREE no NEJM, que parece destronar definitivamente a aspirina, já que conclui que as doses baixas de aspirina como estratégia de prevenção primária em adultos idosos resultam em um significativo aumento do risco de sangramento maior, sem que isso se traduza em um benefício em termos de risco cardiovascular em comparação com o placebo.
Já sua indicação em prevenção secundária se mantém intacta.
O ASPREE incluiu entre 2010 e 2014 pacientes > 70 anos (ou ≥ 65 anos se eram afro-americanos ou hispânicos) e não tinham antecedentes de doença cardiovascular, demência ou incapacidade. Os participantes foram randomizados a receber 100 mg de aspirina recoberta entérica ou placebo. O desfecho primário foi uma combinação de morte, demência ou incapacidade física permanente. Os desfechos secundários incluíram sangramento maior ou doença cardiovascular (definida com doença coronariana fatal, infarto não fatal, AVC ou hospitalizações por insuficiência cardíaca).
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Analisaram-se 19.114 pacientes (9.525 a receber AAS vs. 9.589 a placebo) que após um seguimento de 4,7 anos mostraram uma taxa de eventos cardiovasculares de 10,7 anos por cada 1.000 pessoas/ano no grupo AAS e 11,3 eventos por cada 1.000 pessoas/ano no grupo placebo (HR 0,95). A taxa de sangramentos maiores foi de 8,6 eventos por 1.000 pessoas/ano no grupo aspirina e de 6,2 por 1.000 pessoas/ano no grupo placebo (HR 1,38; P < 0,0001).
Conclusão
As doses baixas de aspirina como estratégia de prevenção primária em idosos aumentou os sangramentos maiores em comparação com o placebo sem diminuir significativamente os eventos cardiovasculares.
Título original: Effect of Aspirin on Cardiovascular Events and Bleeding in the Healthy Elderly. for the ASPREE Investigator Group.
Referência: J.J. McNeil et al. N Engl J Med 2018;379:1509-18.
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