ESC 2018 | ARRIVE: a aspirina no olho da tormenta da prevenção primária

A aspirina não conseguiu alcançar o desfecho primário em uma população com moderado risco de apresentar doença cardiovascular. Entretanto, algo que nos parecia tão óbvio até faz pouco tempo não pôde ser comprovado com a randomização de 12.000 pacientes.

ARRIVE: la aspirina en el ojo de la tormenta de la prevención primariaO estudo ARRIVE apresentado no contexto do ESC de Munique, e publicado simultaneamente no The Lancet, une-se ao estudo ASCEND para colocar a AAS contra a parede no contexto de prevenção primária.

 

Não está em discussão o papel da AAS em prevenção secundária de pacientes com doença coronariana e AVC nem no contexto de um infarto de miocárdio ou AVCs agudos, mas em prevenção primária é outra questão.

 

O estudo ARRIVE estabeleceu a segurança e a eficácia de 100 mg de aspirina com revestimento entérico por dia versus placebo em 12.546 pacientes cujo risco de apresentar eventos cardiovasculares em 10 anos era moderado (entre 10 e 20%).


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Em um período de 60 meses, em média, a taxa observada de eventos foi de 9%, isto é, bastante inferior à taxa esperada de 17%. Embora a população tivesse um risco moderado por escores, seu comportamento foi como o de uma população de baixo risco, ficando abaixo de 10%.

 

Para o desfecho primário (ocorrência de morte cardiovascular, infarto, angina instável, AVC ou acidente isquêmico transitório) não se observaram diferenças significativas entre o grupo que recebeu AAS e o grupo placebo (4,29% versus 4,48%; HR 0,96; 95% CI 0,81-1,13).


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A taxa de sangramento digestivo foi baixa e inferior a 1%, mas foi o dobro no grupo AAS, assim, esta pequena diferença absoluta – em mais de 12.000 pacientes – torna-se significativa.

 

Título original: Use of aspirin to reduce risk of initial vascular events in patients at moderate risk of cardiovascular disease (ARRIVE): a randomized, double-blind, placebo-controlled trial.

Referência: Apresentado por J. Michael Gaziano no ESC 2018 e publicado simultaneamente em Lancet. 2018; Epub ahead of print.


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