Muitas vezes informamos a nossos pacientes que podemos tentar recanalizar uma femoral superficial de forma endovascular e em caso de falha ou reestenose resta a possibilidade cirúrgica posterior. Com esta informação estamos assumindo que o by-pass após o tratamento endovascular vai ter o mesmo resultado que o by-pass primário, e a realidade é que não mentíamos quando dizíamos isso, pois simplesmente não existia informação a este respeito.
Os dados de 11.746 pacientes mostraram uma melhor taxa de liberdade de amputação em um ano no grupo que recebeu by-pass de maneira primária (OR 1,61; IC 95% 1,14 a 2,29) em comparação com os que receberam o by-pass quando o tratamento endovascular já tinha falhado. Observou-se também uma tendência a maior oclusão da ponte e uma perviedade mais baixa nestes pacientes.
Com base nos trabalhos que compararam a estratégia endovascular com a cirúrgica, muitos centros têm adotado o tratamento endovascular como primeira estratégia devido ao fato de este ser um tratamento menos invasivo. O problema é que todos estes estudos compararam ambas as estratégias como primeira tentativa de revascularização e nunca tivemos informação dos resultados que tinham os cirurgiões quando os intervencionistas falhavam.
Para este trabalho (que proximamente será publicado no Eur J Vasc Endovasc Surg) foi feita uma revisão sistemática e posterior metanálise para lançar luz a este tema. Foram incluídos 15 estudos com um total de 11.886 pacientes que compararam o by-pass primário vs. o by-pass depois do fracasso da estratégia endovascular. Os resultados em 30 dias foram muito similares (mortalidade OR 1,00; IC 95% 0,65 a 1,54 e amputação OR 1,26; IC 95% 0,95 a 1,65).
As diferenças se revelaram após um ano com uma sobrevida livre de amputação maior naqueles que receberam by-pass primário (OR 1,30; IC 95% 1,10 a 1,52). Também foi observada uma pior perviedade primária nos pacientes com tratamento endovascular prévio.
Conclusão
Esta provavelmente seja a primeira metanálise da literatura que comparou o resultado da realização de by-pass primário para tratar a doença infrainguinal vs. realizá-lo após o fracasso de um tratamento endovascular prévio. Os resultados em termos de liberdade de amputação em um ano e perviedade primária do by-pass sugerem que se ambas as opções são factíveis dever-se-ia começar com a estratégia cirúrgica, embora haja grandes limitações no que se refere ao desenho observacional do estudo, à inconsistência na seleção de pacientes e ao significativo grau de heterogeneidade entre os trabalhos.
Título original: Infrainguinal Bypass Following Failed Endovascular Intervention Compared With Primary Bypass: A Systematic Review and Meta-Analysis.
Referência: Sajjid Hossain et al. Eur J Vasc Endovasc Surg (2018). Article in press.
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