O uso de ticagrelor em pacientes com doença coronariana estável e diabetes reduz significativamente a taxa de eventos cardiovasculares maiores quando comparado à aspirina, segundo este trabalho apresentado no domingo no ESC 2019 e simultaneamente publicado no NEJM, embora o custo em termos de sangramento pareça inaceitável.
A taxa do desfecho primário (combinação de morte cardiovascular, infarto e AVC) ocorreu em 7,7% dos pacientes que receberam ticagrelor e aspirina vs. 8,5% daqueles que receberam placebo e aspirina (p = 0,04).
O custo deste benefício foi duplicar o risco de sangramento maior nos pacientes que receberam ticagrelor, além de aumentar significativamente o risco de hemorragia intracraniana.
A não ser que o risco de eventos trombótico seja alto e, ao mesmo tempo, o risco de sangramento seja baixo, este estudo mostra que o benefício clínico puro não é favorável para o ticagrelor.
O THEMIS incluiu 19.271 pacientes com doença coronariana estável e diabetes randomizados a aspirina mais 60 mg a cada 12 horas de ticagrelor (a dose foi reduzida de 90 mg para 60 mg depois da publicação dos resultados do PEGASUS-TIMI 54) vs. aspirina mais placebo.
Foram excluídos os pacientes com infarto prévio ou AVC. Também é importante ressaltar que 58% de ambos os braços do estudo tinham antecedente de angioplastia (isso permitiu realizar o THEMIS-PCI). Mais da metade dos pacientes apresentavam angina e 62% tinham doença de múltiplos vasos com um diagnóstico de diabetes não recente (média do diagnóstico de 10 anos).
A redução no desfecho primário foi conduzida pelos infartos (16% menos) e AVC (20% menos) mas não houve afetação da morte cardiovascular nem da morte por qualquer causa.
O custo em sangramentos é superior ao benefício antes mencionado, motivo pelo qual a dupla antiagregação (ticagrelor e aspirina) nestes pacientes não parece ser uma boa ideia, algo similar ao que observamos há vários anos com o clopidogrel no estudo CHARISMA.
Título original: Ticagrelor in patients with stable coronary disease and diabetes.
Referência: Steg PG et al. N Engl J Med. 2019; Epub ahead of print.
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